Conversa
para as mulheres
1. Precisava escrever alguma coisa sobre a mulher, no seu dia. Acordei hoje com esse pensamento, mas não sabia por onde começar; embora reconhecendo que a mulher, bonita ou feia, seja uma fonte inesgotável de inspiração.
Que falem os poetas. Mas como não sou poeta, trago-a, não importando se bonita ou feia, para a minha modesta prosa.
2. Meu caro amigo, não lhe direi que, ao longo da vida, só tenha cruzado com mulheres bonitas. Não, não foi assim. Cruzei e até me apaixonei por mulheres feias. Na sua maioria, faço justiça, ternas e inteligentes.
3. Um velho colega meu, especialista em namoro, revelou-me que há um tipo de mulher de difícil aceitação, nada palatável, intolerável: "a mulher burra", disse, enfático.
Eu não seria assim tão cruel com as mulheres burras. Elas podem ser burras, mas se sabem amar, todos os seus defeitos e pecados lhes serão perdoados. Alguém vai me desmentir?
4. Voltando às feias. Sem mostrar, claro, a foto, em preto e branco, que ainda guardo de algumas, com as quais troquei momentos de intenso carinho, posso atestar a inteligência e candura com que elas vivenciavam o amor. Isso transformava sua feiura numa inefável beleza.
5. Sábia, pois, a observação, não sei se de Arthur Shopenhauer (1788-1860) ou de Sigmund Freud (1856-1939) - me ajudem - segundo a qual "Desejamos a mulher não porque ela é bela mas ela é bela porque a desejamos".
É uma "verdade eterna", como dizia Nelson Rodrigues (1912-1980).
6. Shopenhauer, enaltecendo a mulher, escreveu: "A mulher é um efeito deslumbrante da natureza". Não disse o festejado filósofo alemão que somente a mulher bonita é uma obra prima da natureza.
São "um efeito deslumbrante da natureza" as mulheres bonitas e as feias também. Fácil de concluir.
7. Sobre a mulher, vale, portanto, o que disse Shopenhauer; e não o que sobre ela disse, por exemplo, São Tomás de Aquino (1225-1274): "Um erro da natureza nascida de um esperma em mau estado". São Tomás de Aquino, que qui é isso? Preconceito?
8. Como preconceituosa é a assertiva do querido poeta Vinicius de Moraes (1913-1980), que de repente se saiu com essa: "As muito feias que me perdoem. Mas a beleza é fundamental..." Você, poeta, que um dia disse que numa mulher não se bate nem com uma flor?
9. Homenagear a mulher no seu dia, é o que me proponho e o faço agora. Inclinei-me por fazê-lo na pessoa de uma santa. Dela aproximei-me, desde que conheci São Francisco de Assis. Refiro-me a Santa Clara de Assis, amiga incondicional e filha espiritual do Poverello.
10. É fascinante a história dessa jovem mulher; até com um quê de romantismo. Dados biográficos: Chiara d'Offreducci nasceu em Assis no dia 16 de julho de 1194 e morreu na mesma cidade no dia 11 de agosto de 1253. Morreu nova.
11. Mulher bonita, rica, e ligada à aristocracia assisense, ouvindo os sermões quaresmais de Francisco, um jovem frade, apaixonou-se pelo que ele pregava: a humildade e a pobreza.
Abandonou tudo, despediu-se do mundo profano, fugiu de casa, e seguiu as pegadas de Francisco, ingressando num convento seráfico.
12. Num desses natais, impedida, por motivo de doença, de comparecer, pessoalmente, à igreja de Assis, da sua cela, Clara viu toda a liturgia natalina, o que deixou boquiaberta suas companheiras de clausura.
13. Essa linda história levou o Papa Pio XII, corria o ano de 1958, a proclamar Clara de Assis Padroeira da Televisão. Da televisão, e, segundo o decreto papal, de todos que trabalham nesse genial e moderno meio de comunicação. Abençoada Televisão!
14. Na figura emblemática dessa santa seráfica, homenageio todas as mulheres, as feias e as bonitas, as burras e as inteligentes; todas, sem exceção.
15. Dirão: Ah, a televisão é hoje um nojo; um verdadeiro desastre; uma divulgadora incorrigível de maus exemplos.
Há, sim, abusos, aberrações. Mas há coisas boas, também. Não se condene a televisão de forma sumária e irreversível. Santa Clara está aí para protegê-la e melhorá-la. Peçamos a ela...
para as mulheres
1. Precisava escrever alguma coisa sobre a mulher, no seu dia. Acordei hoje com esse pensamento, mas não sabia por onde começar; embora reconhecendo que a mulher, bonita ou feia, seja uma fonte inesgotável de inspiração.
Que falem os poetas. Mas como não sou poeta, trago-a, não importando se bonita ou feia, para a minha modesta prosa.
2. Meu caro amigo, não lhe direi que, ao longo da vida, só tenha cruzado com mulheres bonitas. Não, não foi assim. Cruzei e até me apaixonei por mulheres feias. Na sua maioria, faço justiça, ternas e inteligentes.
3. Um velho colega meu, especialista em namoro, revelou-me que há um tipo de mulher de difícil aceitação, nada palatável, intolerável: "a mulher burra", disse, enfático.
Eu não seria assim tão cruel com as mulheres burras. Elas podem ser burras, mas se sabem amar, todos os seus defeitos e pecados lhes serão perdoados. Alguém vai me desmentir?
4. Voltando às feias. Sem mostrar, claro, a foto, em preto e branco, que ainda guardo de algumas, com as quais troquei momentos de intenso carinho, posso atestar a inteligência e candura com que elas vivenciavam o amor. Isso transformava sua feiura numa inefável beleza.
5. Sábia, pois, a observação, não sei se de Arthur Shopenhauer (1788-1860) ou de Sigmund Freud (1856-1939) - me ajudem - segundo a qual "Desejamos a mulher não porque ela é bela mas ela é bela porque a desejamos".
É uma "verdade eterna", como dizia Nelson Rodrigues (1912-1980).
6. Shopenhauer, enaltecendo a mulher, escreveu: "A mulher é um efeito deslumbrante da natureza". Não disse o festejado filósofo alemão que somente a mulher bonita é uma obra prima da natureza.
São "um efeito deslumbrante da natureza" as mulheres bonitas e as feias também. Fácil de concluir.
7. Sobre a mulher, vale, portanto, o que disse Shopenhauer; e não o que sobre ela disse, por exemplo, São Tomás de Aquino (1225-1274): "Um erro da natureza nascida de um esperma em mau estado". São Tomás de Aquino, que qui é isso? Preconceito?
8. Como preconceituosa é a assertiva do querido poeta Vinicius de Moraes (1913-1980), que de repente se saiu com essa: "As muito feias que me perdoem. Mas a beleza é fundamental..." Você, poeta, que um dia disse que numa mulher não se bate nem com uma flor?
9. Homenagear a mulher no seu dia, é o que me proponho e o faço agora. Inclinei-me por fazê-lo na pessoa de uma santa. Dela aproximei-me, desde que conheci São Francisco de Assis. Refiro-me a Santa Clara de Assis, amiga incondicional e filha espiritual do Poverello.
10. É fascinante a história dessa jovem mulher; até com um quê de romantismo. Dados biográficos: Chiara d'Offreducci nasceu em Assis no dia 16 de julho de 1194 e morreu na mesma cidade no dia 11 de agosto de 1253. Morreu nova.
11. Mulher bonita, rica, e ligada à aristocracia assisense, ouvindo os sermões quaresmais de Francisco, um jovem frade, apaixonou-se pelo que ele pregava: a humildade e a pobreza.
Abandonou tudo, despediu-se do mundo profano, fugiu de casa, e seguiu as pegadas de Francisco, ingressando num convento seráfico.
12. Num desses natais, impedida, por motivo de doença, de comparecer, pessoalmente, à igreja de Assis, da sua cela, Clara viu toda a liturgia natalina, o que deixou boquiaberta suas companheiras de clausura.
13. Essa linda história levou o Papa Pio XII, corria o ano de 1958, a proclamar Clara de Assis Padroeira da Televisão. Da televisão, e, segundo o decreto papal, de todos que trabalham nesse genial e moderno meio de comunicação. Abençoada Televisão!
14. Na figura emblemática dessa santa seráfica, homenageio todas as mulheres, as feias e as bonitas, as burras e as inteligentes; todas, sem exceção.
15. Dirão: Ah, a televisão é hoje um nojo; um verdadeiro desastre; uma divulgadora incorrigível de maus exemplos.
Há, sim, abusos, aberrações. Mas há coisas boas, também. Não se condene a televisão de forma sumária e irreversível. Santa Clara está aí para protegê-la e melhorá-la. Peçamos a ela...