Na sala
Na sala uma cadeira, uma mesa, velhas, antigas.
Delas recordo, e volto no tempo, regrido. As vejo ali, imóveis, esquecidas.
Era garoto. Bem, quase todos nós nos alegramos recordando essa fase, de garoto, menino. Certamente as meninas também.
Eram várias brincadeiras de rua, o futebol, pira maromba, garrafão.
Ia à sala fazer o dever de casa. Matemática, Português – ou outra disciplina. Não gostava disso, do dever de casa. Mas tinha de fazê-lo. À mesa sentava, enquanto a tarde se despedia, terminava.
Sobre a mesa os cadernos. Os livros, o lápis, borracha (apagador). Escrevia, consultava o livro. Vinha-me o cansaço, dava vontade de parar, ir deitar, cochilar. Não, não, preciso levar os exercício amanhã, senão perco pontos. Prosseguia. Ouvia, distante, um galo a cantar.
Gostava dele, daquele canto. Minha mente descansava, relaxava. Me distraía.
Aquela mesa, a cadeira, o tempo se foi, terminou, não mais existe.
A vida prosseguiu, tem de ser assim, ela não para. Imutável lei.
Hoje, agora, a lembrança presente no coração de quando fazia o dever de casa, à mesa, sentado na velha cadeira, ouvindo o cantar do galo.
Agora ainda o peito lembra, a tarde morria calmamente. Poeticamente.