Remédio Santo

NINGUÉM é dono da cultura. Na verdade, cultura é um eterno aprendizado. Detalhe: não se mede ou avalia a cultura de alguém pelos seus títulos e diplomas, mas pelo que ala sabe, aprendeu, vivencia e continua aprendendo no de correr da vida, nos livros e, principalmente junto ao povo: na experiência do cotidiano.

Infelizmente está havendo uma tentativa de elitizar a cultura, insistindo em instalar uma espécie de ideologia da casa grande falida, racista e fascista. Para essa missão estão empenhados como oráculose paus-mandados alguns pretensiosos e autoritários fantasiados de democratas.

Estou constatando que esse surto de rancor, raiva, arrogância, pretensão e ódio de classe está fogoso, saltitante, num frisson medonho.Nada tenho de pessoal contra esse pessoal. A mim só causam riso. Juro. Como se pode levar a sério as piruetas e alvoroços de capões suados e patas-chocas alardeando bobagens?

Compreendo que há pessoas que se surpreendem e até se impressionam com as bobagens e salamaleques dos pretensiosos.Compreendo e admiro a paciência para aturar essa ópera bufa chata e completamente insossa.Nada contra. Apenas serve, no meu entender, como remédio contra insônia. Quem ouvir ou ler começa logo a sentir sono. A ausência de leveza, humor, tom coloquial, ternura e empatia com o popular causa cansaço e náusea.

Particularmente, confesso, quando o meu neto, meu assessor para informática começa a aprontar nas baladas,uso um remédio santo para botá-lo na linha: ameaço exigir que ele leia alguns catataus dos capões suados e patas-chocas. Ele entra na linha imediatamente. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 04/03/2020
Código do texto: T6880368
Classificação de conteúdo: seguro