PÓS-CARNAVAL
O bebê. O bueiro. O bebê dentro do bueiro. Mãos humanas(?) jogaram o bebê, recém-nascido, dentro do bueiro para se livrarem dele. Isso aconteceu no sábado passado, em São Paulo. O bebê não era bem-vindo. Foi parar no lixo. Para ser levado pela chuva, junto com os resquícios do carnaval.
O benfeitor. O bueiro. No domingo seguinte, em Acari, durante a chuva, Wellington Ferreira Batista, desempregado, mergulhou nas águas e conseguiu resgatar uma criança que nem sequer conhecia. Quando voltou para ajudar a mãe dela... caiu no bueiro.
As duas crianças foram salvas. Uma, pela Polícia Militar. A outra, por Wellington, que morreu afogado. Dentro do bueiro.
E aqui temos a conexão entre os dois casos. O bueiro. Ele está no meio da rua matando pessoas inocentes, e está dentro de nós, fazendo a mesma coisa.
Será, assim, tão difícil fechar a tampa desse bueiro?