RUMOS IDEOLÓGICOS ESTABELECIDOS SEM VOLTA.

Linear e flagrante a já tão conturbada crise ideológica, formadora de múltiplos dissensos doutrinários, de outros horizontes agora estabelecidos sem volta; mais pensados, mais experientes, totalmente amadurecidos pelo caminhar dos tempos e suas conseqüências na história.

Das teses para o empirismo na pratica dos Estados, ideologias e sistemas de governo se amoldarem ou se afastarem dos meios sociais que inspiraram, regraram e conduziram. Mas se estabeleceram e evoluíram ou restaram superadas.

Mostraram-se inadequados, ilusórios e frustrantes, motivadores de paixões e infelicidades coletivas uns, até hoje, felicidade de alguns em parte outros.

A novidade do conhecimento novo e da informação abraçou o mundo com a volatilidade das conquistas tecnológicas. Dessa maneira viu-se a explosão de um novo exército de excluídos na guerra mundial por empregos, surgida com o capitalismo eurasiano, tornando Europa e Ásia combatentes da social-democracia; um novo tempo, um novo estágio.

O autoritarismo nos sistemas ditatoriais prossegue com pernas curtas em forma diversa. Na Coréia o atual Presidente Kim Jong II herdou de seu pai o governo; o povo continua paupérrimo.

A “vitoriosa” revolução caribenha continua pobre, a “pátria” continua vivendo de “esmolas”; finda a soviética aproximou-se a venezuelana, esta suprimida também pelo empobrecimento fincado nas mesmas ideias. Não fora em vão que o exemplo jacobino obcecou Lênin e Trotsky, da mesma forma que a revolução russa obcecou Albert Mathiez e seus sucessores.

O vocábulo “jacobinismo” evoca mais uma tradição que um conceito de um clube cuja atuação, essencial desde o início da Revolução Francesa, tornou-se tão dominante que, nessa época, 1792/1794, para o futuro, o adjetivo “jacobino” passou a significar os partidários da ditadura da salvação pública. Não tiveram muito sucesso. Assim demonstra a história. Não existe salvação sem liberdade! Esqueceram-se os supostos “grandes cérebros”.

A queda do muro de Berlim é marco da metamorfose. Figuras carismáticas como o inigualável Papa João Paulo II e Gorbachev, este através da “Perestroika”, deflagraram os últimos passos da ideologia acabada que suprimiu o maior bem, a liberdade; por isso não podia sobreviver.

Em 1986, Gorbachev, Secretário geral do partido, disse não ser mais possível persistir no regime. O capitalismo avançava e na competição em tecnologia, informatização e robotização, eles estavam ficando para trás, petrificados.E ficaram, não têm mais ouvintes ou adeptos.

Os gastos com a indústria bélica sacrificavam a população. Os países do bloco soviético que buscassem seus caminhos como fizeram Checoslováquia, Hungria e outros.

Deu-se grande mudança desde então, embaralhando o que era “guerra fria”, mas também, ideológica. Duas potências, dois caminhos ideológicos; isto findou, terminou, acabou. Passamos para melhor em que pese variadas vertentes. Mesmo na China, onde iniciou-se com Deng Xioping as reformas já em 1978. Hoje totalmente mudada.

Na antiga URSS, findo o regime de amarras e cárceres, Vladimir Putin e o resto do partido ficaram com as melhores estatais privatizadas e os melhores negócios, tudo a preço vil. Qualquer capital investido nacional ou estrangeiro tem de passar pelo filtro da corrupção burocrática e deixar seu quinhão para a desenfreada roubalheira. O Poder Político se manteve controlador, sem imprensa livre e ausente de liberdade partidária. Opositores significativos morrem assassinados como fortes verbos recentemente. Mesmo assim rotula-se de democrático o regime, mas o capital circula e prevalece. A propriedade só do Estado, acabou.

Esse o padrão atual de transição do dito socialismo para o capitalismo. Mas existem outros dois caminhos seguidos. Na China o Partido comunista organiza a entrada do capital estrangeiro que se faz por investimentos de empresas nacionais. Inexiste democracia; há combinação de mercado livre com ditadura coletiva do partido, o que é paradoxal. Funciona, porém, integralmente, a liberdade de empreender.

O acesso à liberdade individual de empreender, ganhar dinheiro e progredir, garantindo a propriedade privada é uma realidade. Onde irá ancorar esse inusitado e misto padrão ninguém sabe, com classe média formada, acesso à educação e sujeita à sedução do mundo ocidental. A indústria queima carvão e asfixia o povo.

Ao menos as lamentáveis e desumanas “casas de exposição”, para controle dos níveis de demografia ditados pelo Estado às famílias, com punição dessas, violados os paradigmas faz certo tempo acabou. Era uma catástrofe, onde uma vez mais as mulheres que nasciam, eram discriminadas como sempre na história da humanidade.

Na China, embora continental e forte o regime “misto”, pode ser repetido o fenômeno da Coréia do Sul, onde mesmo na forja de uma exceção, com seus entraves, avançou-se para a redenção econômica, democrática, alavancada principalmente pela classe média, embora esse quadro mostre que hoje não mais se pode arraigar ideologias ou estamentos definidos de sistemas de governo. Mudou o mundo, mudaram os homens, realizaram-se empirismos, restaram resultados. O tempo, senhor da razão, deixou marcas profundas, irreversíveis, tangíveis. Sem volta para esses superados movimentos de restrição das liberdades.

Se no leste europeu em rápido passo ingressou-se da exceção à democracia, mas não se obteve a harmonia plena, logo que atravessada por deflagradas terríveis e sofridas guerras étnicas. De outro passo, o Estado teológico surgiu com mais força, impulsionado pelo terrorismo e ainda vivenciado pelo sectarismo religioso, embora e felizmente, não de forma absoluta, mas exterminador, trazendo convulsão mundial e novas barreiras mundiais de segurança.

A América Latina esboçava ainda um forte esquema de antagonismos sob visão doutrinária em face de sistemas de governo e ideologias. Isto se enfraqueceu por si mesmo diante da total mentira aliada à corrupção revelada em todo o continente.

No Brasil a esquerda praticou governabilidades então de direita, fortalecendo o capital antes execrado em seus objetivos pelo partido que conquistou o poder. Foi retirada do Poder pelo voto após inumeráveis escândalos. Na Venezuela, entre bravatas de líderes populistas, chavistas, nunca carismáticos como Perón ou Vargas, que realmente lançaram bases de trabalho reconhecidas pela história, acena-se com o sonho do enfrentamento das Américas; a pretensiosa miríade, que faz da massa ouvinte de longos e enfadonhos “discursos”. Está em velório permanente no momento, esperando o definitivo sepultamento não ocorrido somente, porque as forças armadas cedem ao envolvimento sob preço, às custas da fome e ruína do povo.

No Chile, razão e inteligência criativas, fez definir a convenção da racionalidade, “concertación”, pondo em mira que o Estado existe para o homem e não para os partidos, embora estes suplementem aquele, mas agora vive a desrazão das incontidas insatisfações . Foi até recentemente a mais espaçosa mecânica estatal, pode-se dizer, em modernidade, afastados os sistemas europeus que aproximam-se da perfectibilidade como a Finlândia.

Na Bolívia, a primariedade e a sustentação econômica em cartel de drogas, obteve definitivo caminho de retirada de populista conhecido e absolutista que conseguiu por certo tempo os famosos quinze minutos de fama.

Espera-se que nesse anfiteatro de desencontros para encontrar o melhor, o que é saudável, o Brasil saiba dar passos e caminhar com desenvoltura para dias melhores. Não faltam riquezas, povo e território. E deu-se um grande passo mostrado pelos tribunais quem nos governava e a que preço.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 03/03/2020
Código do texto: T6879341
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.