Quando eu ainda aprontava

A maior parte das trapalhadas, das muitas que tive, apesar de não me considerar uma pessoa atrapalhada, que ocorreram quando eu era criança, sempre envolviam mentiras, eu mentia compulsivamente, sobretudo, em situações sérias e acabava entrando em ocasiões embaraçosas, para não enfadar o leitor com vergonha alheia, contarei apenas uma dessas várias ocasiões.

Esta se passa aos meus seis anos de idade, uma amiga da minha mãe fora visitá-la, deixando sua bolsa em cima do sofá enquanto conversava na cozinha, eu, no ardor do momento, a vasculhei e encontrei uns óculos de sol, ao que imediatamente peguei e fui brincar com eles, na época, eu os achava o máximo, passado um tempo, decidi escondê-los em uma gaveta do guarda-roupa para futuramente brincar de novo, sem pensar que eles eram da propriedade doutrem, saí de casa para jogar futebol na rua.

Quando voltei a casa, a mulher estava louca procurando seus óculos, obviamente, ela perguntou se eu tinha pego, como é de se esperar, eu neguei, queria espoliá-la, minha mãe, insistente, que também a ajudava, consegui encontrá-los, naquele tempo, eu tinha uma irmã, mas ela ainda tinha três anos, com isso, eu era o principal suspeito, sem presunção de inocência, estava condenado.

Com o direito a habeas corpus suspenso, tive que confessar o furto e pedir desculpas, fui submetido não só às palmadas maternas, mas também ao constrangimento, enfim, meus dias, para não dizer horas, de Billy the Kid foram curtos.

Patoelho
Enviado por Patoelho em 01/03/2020
Reeditado em 01/03/2020
Código do texto: T6877985
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