Aos pés do Cristo, a cidade do Rio se perdeu
No dia 1º de março, há quatrocentos e cinquenta e cinco anos, era fundada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro por Estácio de Sá, quando desembarcou num istmo entre o Morro Cara de Cão e o Morro do Pão de Açúcar, erguendo uma paliçada defensiva na luta estre portugueses e franceses pelo domínio da região.
No século XVI Lisboa controlava todo o comércio desde Ceuta até o Japão e a cidade tinha fama de ser a mais rica cidade de todo o mundo, atraindo comerciantes de toda a Europa. A ela chegam ainda grande número de escravos africanos e até alguns indianos, chineses e mesmo japoneses e índios brasileiros.
Cinco séculos após a sua fundação, a cidade do Rio de Janeiro é a mais importante capital cultural e turística da Federação. Nós, Cariocas, não temos motivos para comemorar essa data com a importância que ele merece.
Personagens das trevas como o clã Bolsonaro, Queiroz, o arquivo morto Adriano e a milícia condecorada, maculam nossa característica de flexionar e seguir em frente.
Nossos representantes, eleitos pelo mercado da fé e pela régua da ignorância, contradizem a verve do nosso povo entusiasta, alegre e inspirado.
O alcaide Marcelo Crivella é natural do Rio, mas consegue ser a negação e o exorcismo do espírito Carioca;
O governador Wilson Witzel nasceu no interior de São Paulo, descendente de família alemã e italiana, é a negação da vida, apologista da morte e defende a limpeza sócio-racial;
O presidente Jair Bolsonaro, também descendente de alemães e italianos, nasceu no noroeste paulista. Mudou-se para o Rio por conta de suas atividades militares e iniciou aqui sua nefasta trajetória política. É a negação da democracia, da diversidade e da civilização.
Um dos nossos símbolos, o Cristo Redentor, está cabisbaixo e triste com o que fizeram aos seus pés.
Ricardo Mezavila