Quando banana vira banquete.
Era um sábado, daqueles que pedia um passeio, o dia estava convidativo.
Estávamos quatro amigos, eu o Ely o Nei e o meu primo Rinaldo.
Animamos em dar uma saída para aproveitar aquele aprazível dia.
O Ely com seu Chevette azul de doer a vista, o qual ele chamava de "pois é". Confesso que até hoje não sei porque ele o assim chamava. O Ely tinha uma mania de algumas tiradas interessantes, ele criava alguns bordões que repetia até que ficava engraçado, e falava algumas frases que apesar de simples deixava margem a interpretar, como quando passava uma moça de trajes chamativos, ele dizia de forma hilária:
-Pelo carimbo da lata, você sabe o preço da banha.
As vezes era difícil saber de onde ele tirava essas frases.
O Nei era o mais extrovertido da turma, tinha uma mania de ficar imitando as entrevistas dos jogadores de futebol da época que com uma voz arrastada soltavam muitas pérolas. Diferente de hoje, com algumas exceções, os atletas são treinados a falar muito jovens, cometendo menos gafes que antigamente. O Nei também tinha mania de falar francês, obviamente sem nenhuma lógica em suas frases, apenas realçando o sotaque o que era muito engraçado.
Rinaldo, meu primo era o mais novo e mais quieto, e nos acompanhava as vezes como nesse sábado. A ideia era ir a um "pesque-pague" que a muito o Ely disse que teria ido, embora sendo um pouco distante, tendo um trecho de estrada sem asfalto, animamos a fazer esse programa.
Assim que fomos para entrar no carro, chamou a atenção dos meus amigos, o fato de estar carregando uma sacola. Logo despertando a curiosidade eles perguntaram:
-O que é isto nessa sacola?
prontamente respondi.
-Estou levando umas bananas aqui.
Causou estranhamento geral, e gaiatos como eram,pois um sábado em que quatro amigos saiam para um pesque-pague, o intuito era tomar uma cervejas e saborear um tira gosto.
-Banana? Nada haver.
Diziam e rindo do meu suposto lanche.
-Vamos sair para um passeio em um dia desses de sol, e ele traz bananas pra comer.
Os risos eram inevitáveis e assim ocorreu em todo aquele trajeto rumo a zona rural e não tão próxima a cidade, que era Volta Redonda.
Após algumas horas no Chevette, um sol escaldante, com a agravante de um bom trecho de estrada de chão, mal conservada, chegamos ao destino. Quando descemos do carro ainda tivemos que andar um bom trecho em uma trilha e foi de grande espanto que quando olhamos já não havia mais o tal restaurante e o criador de peixes estava abandonado. A frustração foi grande, pois tivemos que retornar ao carro, cansados e com muita fome. Pensando ainda no longo trecho que teríamos que percorrer para chegar a cidade. Foi inesquecível quando os três gozadores, olhando um para o outro e posteriormente para mim, soltaram um grito, um após o outro.
-Bananas, bananas, bananas.
Saímos os quatro correndo em direção ao carro, loucos de fome e ávidos para saborearmos, não os famosos tira gostos do já inexistente pesque e pague, mas as deliciosas, embora quase assadas pelo sol: bananas.
Foi o que nos salvou aquele dia.