A rede que balança
De um lado para o outro
Ai que preguiça de continuar onde estou sem fazer nenhum movimento. Estou curtindo o momento com uma onda a mais de cansaço. Não vou conseguir chegar nem na terceira linha de aproveitamentos do que já foi vivido no dia.
Quero me balançar em uma rede e ficar horas sendo acalentado pelo relento. Quero me perder nessa proximidade com o mar deserto, na água fria de areia branca e sol escaldante.
Quero sentir nos meus pés a terra do chão que não é meu. Quero andar descalço com os pés em pura ligação com a natureza. Quero poder me contentar com o que quero, com tudo o que quis e com o que ainda irei querer.
Mas ei de conseguir. Caso contrário não saio da rede. Ficarei a balançar por dias na mesma maresia de beira mar. Me ensine o que devo aprender e jamais poderá de algo se esquecer.
Mesmo assim, esquecimentos são o que me consomem. Dia vai e dia volta e ainda continuo o mesmo. Sinto que não sei mais de muita coisa. Começo pelos pés e não acabo pela boca. E a rede continua a balançar. Talvez seja ela a causadora dessa tamanha indecisão.
Ainda na rede balançando de um lado para o outro, sabendo que nem tudo o que balança cai. E ainda perdido com o corpo cansado me movimento para todos os lados nessa rede de puro marasmo. Se daqui eu resolver não sair e quiser da noite ao dia chegar no meu fim. Estarei novamente com os pés fixo no chão, porém com a cabeça perdida em outra imensidão.
O poder de uma boa rede é realmente satisfatório. Me sinto acalmando o corpo, desacelerando a mente e me projetando no tempo presente. Sinto que posso sentir e ultrapassar a dor que um dia vivi.
Mas dela eu já saí e um pouco de saudade eu já senti. Talvez um dia eu volte para ela novamente, quem sabe seus balanços acalme a minha mente. Sem hesitar balançarei continuamente, até que dela eu caía e retorne desesperadamente.
Uma rede é mais que uma rede. É também uma cama, um sofá, um banco, mas nunca deixa de ser uma rede. E nela eu me balanço até que outra pessoa venha e experimente.