UM DIA APÓS… Você não tá Sozinho em Lençóis

27 de fevereiro de 2020

00:09

Eu não moro sozinho. Uma pessoa só mora em Lençóis e se sente sozinha, se quiser ou se realmente tiver uma personalidade insuportável. Desci pra comer acarajé. Acarajé era só pretexto... Pra ver gente, pra ver a cidade de “perto-longe” e me sentir mais baiano do que nos dias que se passaram e provavelmente passarão. Levei um livro, só consegui ler três páginas. Quando fui pegar meu troco, pedi pra moça diminuir um tico no preço, me dar mais um e ficar tudo bem. Ela topou… eu quase dei um sorrisão, mas achei que pareceria deslumbrado ou idiota demais. Um casal chegou querendo trocar acarajé por pistaches. Ela negou.

Subindo a Rua das Pedras, o famoso Raimundo tinha tomado algumas a mais. Me lembrei de tê-lo visto na mesma posição e lugar às 14 h... Ele me olhou e me pediu uma “carona”. Entendi a mensagem. Dei meu braço e ele se segurou, “a cabeça funciona, mass as peeernas…” ele disse. “hehe, é caminho pra mim.”, respondi. fomos capengando até a casa dele enquanto me apontava lugares óbvios me dando informações ainda mais óbvias do tipo “ali é a igreja” enquanto encarávamos a igreja. Eu dava gargalhadas e íamos seguindo. Nas ruas mais escuras se vê melhor as estrelas... Ele se encantou em saber que eu era pai de Janaína e pareceu apaixonado por todos os membros da família, seus olhos chegaram a acender. Contei que tocava (ou toco, sei lá) bateria e logo parecíamos dois nostálgicos colegas de profissão aposentados, mas ainda longe de esquecer o “feeling” da coisa.

Deixei ele em casa e já chegando na minha, notei roupas penduradas numa casa qualquer. Ainda fico perplexo com o hábito de pendurar “roupas íntimas” na porta da frente de casa, pra todo mundo ver. “Rapaz, aquilo é um SUTIÃ??! Zorra… Do tamanho de minha cabeça!”, pensei sorrindo. Quer dizer, eu nem sei se tava sorrindo. Sempre fico na dúvida... Às vezes é só a intenção de sorrir.