NADA... DE NOVO
Quando eu era garoto, já estudando as primeiras letras, enquanto voltava de uma visita feita às dependências da prefeitura do município onde nasci, me foi perguntado por um “homem do povo”, que era amigo de infância do meu pai, se eu sabia o que era política partidária e qual era a função dela para com os anseios do povo como um todo, e eu por não entender nada desse tema, aproveitei a presença do meu pai que me acompanhava naquele momento e respondi:
- Nada sei... mas eu passo sua pergunta para o meu pai...
Meu pai, que era um homem iletrado e não passava de um simples trabalhador rural, que vivia daquilo que a terra que ele cultivava produzia, também não sabia qual era o significado da tal política partidária e nem qual a razão de ela existir. E o amigo dele, sorrindo com os dentes travados, ficou meio desapontado, evidentemente, sem ter a resposta que ele queria receber naquele momento.
Hoje, com pouco mais de meio século de vida, já meio calejado e um tanto quanto decepcionado com tudo o que alguns integrantes da política partidária do nosso país tem feito em prol do nosso povo, se me fizessem a mesma pergunta, eu daria a mesma resposta:
- Nada sei... (é claro que não iria pedir para meu pai responder, porque meu velho não está mais entre nós), mas não diria nadica de nada a esse respeito, por entender que tanto os “homens do povo” daquela época, quanto os de hoje, não dizem coisa com coisa, quando o assunto é fazer algo para o bem e pelo bem do povo que eles se dizem representar.
Quiçá, para não me passar por um cidadão desinformado em pleno século XXI, nesta época áurea das comunicações intrapessoais, em que as informações verdadeiras e falsas chegam em baldes e bandejas e são despejadas a torto e a direito para o deleite do povo em geral, eu falaria bem pouco a esse respeito:
- Diria apenas que atualmente ainda há muitas pessoas que acreditam piamente nos integrantes dessa política partidária dos nossos dias e que essas pessoas vivem brigando umas com as outras, ora acusando o lado que não lhes interessa, por diversas razões, ora defendendo aquele lado que lhes é interessante, muitas vezes em virtude de esse lado ter prometido fazer algo para melhorar a vida do povo em geral, durante os discursos fervorosos da campanha partidária... etc., etc.
Outrossim, se me perguntarem, agora, se eu sei o que esses “homens do povo” representam de consistente e de promissor na vida do trabalhador rural e urbano, bem como na vida das pessoas em geral, para não ficar calado, sem uma mínima participação no debate, seria bem provável que eu desse aquela mesma resposta de meio século atrás:
- Nada... de novo.