Dona Têco
Se meu ídolo falasse, não! Ela fala e berra. Minha mãe é a única divindade mortal que venero, pois está disposta a qualquer sacrifício, inclusive, morrer por mim. É um exemplo de coragem, devoção, amor e força. Se eu tropeçar ela fala: olhe para frente! Se cair, levante! Se ficar difícil, lute! Se perder, jogue de novo! Se chorar, engula o choro! São tantas falas de mainha, e nenhum HD para suportar o volume de sermão. Ela fala até pelos poros, o suor do seu corpo exala conselhos; é um manual ambulante de orientação. A boca parece uma vitrola velha e a língua é um disco de vinil arranhado; não tem ouvido que aguente. De uma coisa, não duvide, a lição é aprendida. Se não aprender entre tapas e beijos, a cara emburrada fará a diferença. Seu olhar parece bula de remédio, principalmente, nas reações adversas, tem sempre um efeito colateral. E, quem é maluco de não ouvir dona Teresinha? A maior personalidade que já conheci, uma mulher de peso e grandes realizações. Quando bota a boca no trombone e chama o meu nome, Jaciara, é porque o sol vai engolir a terra. Se meu ídolo falasse, agora, diria: Vá caçar o que fazer! Procure um gato para tomar conta, eu só tenho uma vida; ele, sete!