Criminoso Comum

“Lhe juro, porque prometi à alguém que muito estimo, que não faria isso. Portanto, acredite, creia em mim. Sou inocente.”

“Pois que não é inocente. Vossa mão está mergulhada no sangue.”

“No meu sangue e nos meus genes. Estou incento de qualquer acusação.”

“O seus genes, estão lá aos montes. No corpo da vítima, na casa, no carro. Pare de mentir, agora eu sou seu melhor amigo e sou seu deus. Ninguém lhe fará mais bem do que eu, e ninguém fará mais mau à ti do que tu mesmo, pois tu é seu diabo, que num ato diabólico matou alguém. Vá em frente, sem travas na língua, fale a verdade.”

“É claro, que meu DNA estaria lá. Sempre frequentei aquela casa. O problema é o sague, este aqui nas minhas mãos e o que está lá em todos os cantos. Foi sem querer, uma espécie de rompante. Entende? Por conta disto, digo e redigo que sou inocente. Uma cegueira tomou conta de mim, quando retornei ao mundo lúcido, ao meu ser autêntico que pensa e repensa todo passo que dá, havia objetos quebrados, sangue nas paredes, um corpo debaixo de mim, minhas mãos no pescoço desse corpo. Ainda estava respirando, eram respiros espaçados e nada fiz, não me movi. Fiquei semelhante à uma estátua. Depois de segundos o corpo ficou inerte, sem nenhum movimento. Eu não queria fazer isto, confesso que tive vontade, mas fiz a promessa que nada faria, e ela foi-me um grande empecilho. Diga que sou louco, é isso. Diga que sou louco, esquizofrênico, bipolar e assim a pena será branda e ninguém se lembrará do que fiz.”

“Neste caso necessitamos de um psiquiatra. Existe um que sempre trabalha comigo, em circunstâncias iguais á sua noutros casos semelhantes ao seu. Vou-me indo, tenho de redigir um longo relatório de vossa doença. Talvez novecentas páginas sejam de bom tamanho. Quanto a polícia chegar, finja ser um demente ou senil, isto ajuda e convenci. Obrigado pela sinceridade, meu mais novo cliente."