Leão velho no monobloco do carnaval
O monobloco é o bloco de um babaca só. O velho Leão saiu no monobloco com a camisa do glorioso bloco As Cuecas, do Sérgio Ricardo Piaba, neste ano fazendo uma reverência especial a um dos fundadores, o João de Deus Rafael, um cabra que não teve medo da morte porque viveu intensamente. “Quem não vive tem medo da morte”, conforme o ideário de Itamar Assumpção. O bloco As Cuecas reúne a fina flor da galera do porre sustentável. Até hipocondríaco pega no pau da bandeira das Cuecas, mas, hipocondríaco não bebe cerveja, faz tratamento com gelo via oral.
Abaixe suas armas, cidadão, e venha brincar o carnaval. Se possível, sem discutir política porque, ás vezes, você fica polemizando com um imbecil e ele também. Não brinquei no bloco das Virgens por falta de mobilidade, mas dou o maior “rapoio”. Não concordo com o preconceito velado do tal de Ameba. Esse protozoário que se reproduz pela divisão celular garante que “homem que se veste de mulher no carnaval é igual sol das oito horas da manhã: a gente pensa que não queima, mas queima!”
Desde que passei a integrar o corpo de integrantes do bloco dos “unidos do pé na cova”, dificilmente saio no carnaval. Mas, esse ano eu fui pular carnaval no estilo Cid Gomes: já chegava passando o trator. Pero, com ternura. Sérgio Vaz cantava a bola: “assim como um bom espadachim, é preciso ter elegância para atingir seus adversários”.
Na apuração do meu carnaval, cheguei empatado com os concorrentes. Mais uma vez citando Sérgio Vaz: “em hipótese alguma, tente chegar em primeiro. Chegar junto é melhor, até porque, o universo não distribui medalhas nem troféus”. No quesito fantasia, tirei 9,9 com minha concepção de “Zé do Caixão na folia”. A Comissão de Frente é composta de um poeta fingido. Não acredite em poetas. São pessoas mascaradas. O enredo levou nota 10 porque desmoralizou o delírio fascista. Aliás, no Brasil todo o carnaval de 2020 esculachou geral com os cães de guarda dos milicianos e os “galinhas verdes” do autoritarismo. No quesito Harmonia, a nota foi baixa porque o equilíbrio anda ameaçado demais nesse país tropical abençoado por Deus e ordinário por natureza. Paz e concórdia andam em vias de regressão. Na Alegoria, a nota foi péssima porque inventaram um mito bufão a nos prometer quatro anos de sono raso e mal dormido.
Por fim, meu déficit de atenção não me deixa escutar o que a cartomante Madame Preciosa tenta me dizer com sua boca suja de ressentimento. Madame garante que meu bloco ganhou fraudulentamente por meio de golpe e compra dos jurados, tentando me igualar a certo repulsivo, ignorante, arrogante e imbecil, autor da frase: ““Política é saber a hora de puxar o gatilho”.