Longeva Crença
“Quebras-te o espelho em mil pedaços. Quanto mau agouro.”
“Tu sabe, que isto não é verdade. Essa história de agouro é pura, puríssima invenção.”
“São cultura, meu caro. Crenças contadas desde muito tempo, que provaram-se verdadeiras.”
“Então, admite que é uma invenção?”
“Digo que é algo que eu acredito, pois desde minha infância aprendi que era verdadeiro.”
“Não entende que a cultura é uma criação nossa, de nós humanos.”
“A mãe de minha mãe, bisavó de meu filho, portanto minha avó disse-me que trazia má sorte, e eu acredito nela."
“Por amor, acredita nela, por a.m.o.r. Ela não era nenhum Einstein. Realmente, uma pena não haver outro espelho aqui, senão o quebraria não sem querer e sim por querer. Para tu ver que minha vida continuaria, tal como sempre foi; nem muito sortuda, nem muito azarada. Deixe de crer nestas coisas, elas apenas são construções que representam algo sem significado, que com o tempo ganharam um significado sem valor. Igual ao dinheiro, um pedaço de papel que pode ser substituído por outro, só que em maiores proporções, é claro. Mas ainda sim semelhante ao espelho quebrado, é somente uma construção de senso-comum cultural.”