Jair Bolsonaro está acuado
Por Marcelo Freixo
Jair Bolsonaro está acuado. O presidente sempre defendeu milicianos, mas essas relações ganharam nova dimensão após a morte de Adriano da Nóbrega, cuja ex-mulher e mãe foram assessoras do ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro.
Para tentar tirar o foco de si, Bolsonaro dobrou a aposta e transformou fake news em política de governo. Em vez de alimentar clandestinamente os discursos de ódio nos subterrâneos dos grupos de Whatsapp, presidente e ministros assumiram a ofensiva, passando a usar canais oficiais para disseminar mentiras contra opositores e jornalistas.
Bolsonaro usou o perfil da Presidência no Twitter para afirmar que a oposição é a verdadeira interessada em eliminar Adriano. A inversão da narrativa parece estapafúrdia, mas é preciso lembrar que o campo de batalha bolsonarista não é o da razão, é o da emoção — mais precisamente do ódio. Ele sabe que nesse embate os fatos importam menos do que o engajamento que uma determinada versão é capaz de gerar. O objetivo é manter coesas e insuflar suas hostes nas redes para tentar se manter em pé.
(...) O recrudescimento contra a imprensa faz parte dessa artilharia: Bolsonaro usa a Presidência para repetir mentiras à exaustão até que elas ganhem status de verdade ou pelo menos façam barulho suficiente para bagunçar o jogo. Por isso, tenta deslegitimar profissionais e métodos reconhecidos de produção de informação.
Fiquemos alertas. A principal vítima desse novo regime de “verdade”, pilar do projeto bolsonarista, não são reputações, é a democracia.