NO MATO SEM CACHORRO



O cidadão Jô Formigon, que na eleição passada se tornou um dos mais novos “homens do povo” e, por sinal, teria sido o mais bem votado de sua região, passando a ocupar o cargo de vereador na atual gestão, tem a pretensão de se candidatar para o cargo de prefeito de sua cidade nessa próxima eleição.

Apesar de ser um vereador muito benquisto, ele reconhece que uma eventual propaganda virtual negativa por parte de seus adversários políticos poderá atrapalhar os seus planos, contrariando, assim, a expectativa positiva daquelas pessoas que, ele entende, tenderão a votar nele, acaso vier a se candidatar.

A esposa dele, por exemplo, que sempre o apoiou em situações decisivas, acha que ele não deveria tentar o cargo de prefeito logo de pronto. No entender dela, o ideal seria ele apoiar o prefeito da atual gestão numa possível reeleição e tentar ser o vice-prefeito pela legenda dele.

O atual prefeito, por sua vez, está muito indeciso para o próximo pleito. Ainda não sabe se apoiará o primo dele que é o atual presidente da câmara e pretenso candidato à prefeitura local ou se tentará a reeleição de uma vez por todas.

Enquanto isso, lá em Cafundós de Judas, reduto eleitoral de Jô Formigon, seus adeptos e seguidores mais afoitos já estão ensaiando seus “cantos de guerra” e tudo indica que nesse carnaval que se aproxima, a tradicional folia regional, comandada todos os anos por esses cafundoenses, estará de corpo presente na praça da apoteose.

Em que pese a euforia prematura dos seus adeptos e seguidores, o cidadão Jô Formigon, que nos pleitos anteriores esteve assaz confiante, já não se vê da mesma forma para o próximo pleito, pois, segundo ele, o mundo da política partidária é muito traiçoeiro.

Precavido, como sempre o foi, nesse primeiro momento Jô Formigon dará seus primeiros passos com muita cautela, com a pulga atrás da orelha, visando à chegada das prévias dessa próxima eleição.

Se por um lado ele tem receio de ser preterido por seus apoiadores, onde uma parte poderá debandar para o lado que o vento soprar mais forte, como já aconteceu tempos atrás com outros candidatos, por outro lado, ele acredita que sua esposa irá se esforçar no sentido de ajudá-lo do começo ao fim, como o fez noutras vezes.

Jô Formigon, na verdade, está muito preocupado é com todo esse cenário nebuloso que ele terá pela frente. Uma boa parte dos seus seguidores, formada pelos mais otimistas, entende que, independentemente das adversidades que ele está enfrentando, poderá sair vitorioso. Isso é ponto pacífico - argumenta.

Já a maioria deles, que é representada pelos pessimistas, discorda e entende que ele deveria mudar de partido ou, numa hipótese bem remota, tentar criar um partido novo, com um nome bem eclético e, em razão disso, se tornar o candidato majoritário dele, caso contrário ele permanecerá lutando sozinho, perambulando perdido, igual àquele caçador que está no mato sem cachorro.