ANNE, A ÓRFÃ PRETERIDA - BVIW
Existem palavras que caem fácil no gosto e no cotidiano das pessoas: amor e imaginação, por exemplo. Difícil é a entrega sem trocas e sem desafios. Num enredo filosófico entre o amor pelo outro e o que desejamos receber está o ego. Seria mesmo necessário desativar o ego para amar plenamente? Quisera as respostas serem adequadas para tudo e todos... De qualquer forma, não me preocupo com respostas universais, que podem incitar mais dúvidas que esclarecimentos. Por essas e outras larguei este texto e fui assistir Anne with an E. A série em seu início arrancou tantas lágrimas dos meus olhos que deles poderiam pular peixinhos. Quanta vida em uma personagem só é necessária para alimentar a existência de outros? Entre um irmão que quase nada fala, mas que possui um olhar tão bondoso e uma irmã severa que esquenta o coração no gelo, Anne aparece por engano e sonha em fazer ali a morada dos seus sonhos. Sonho de não ser ruiva, de não ter sardas e de ter o amor por tudo. Para ser feliz não lhe faltam asas. Originada do livro Anne of Green Gables, um dos maiores clássicos da literatura canadense, a história chega ao mundo pela Netflix com muita beleza e sensibilidade, sem deixar de fora assuntos da atualidade como feminismo, preconceito e bullying. Não tem quem não se apaixone por Anne, a órfã preterida.