VIVENDO MUNDOS À PARTE
Desde que esse mundo é mundo, classes sociais humanas de posições socioeconômicas díspares, uma em relação à outra, sempre estiveram lado a lado, vivendo mundos à parte, evidentemente, em meio ao mundo conturbado da política partidária, que são:
Os patrícios ou nobres e os plebeus, lá na Roma antiga; os ricos e os pobres, seguidos dos remediados e dos miseráveis, entre outras denominações, compondo a grande maioria dos humanos que vive nos nossos dias, resguardadas as devidas proporções no tocante aos lugares vividos por cada um deles.
Os patrícios ou nobres romanos eram seres diferenciados e eram formados pelos descendentes das primeiras famílias que povoaram Roma. Eles eram os grandes proprietários de terra e de gado e, em geral, ocupavam importantes cargos públicos. Considerados cidadãos romanos, possuíam muita riqueza e escravos. Ali, no topo da pirâmide social romana, compunham a minoria da população.
Quanto aos plebeus, eles formavam a classe social chamada plebe, que era a população menos abastada, socioeconomicamente falando, que habitava a Roma antiga e, por serem forasteiros, oriundos de lugares fora do universo romano, eles viviam um mundo muito diferente daquele que era vivido pelos patrícios ou nobres.
O vocábulo plebeu, pouco usado nos dias de hoje, aqui no nosso mundo ocidental, vem do latim plebem e significa multidão, povo, na nossa língua portuguesa.
Segundo Auguste Bouché-Leclercq, ((30 de julho de 1842 - 19 de julho de 1923) historiador francês, “eles tinham o domicílio, mas não a pátria”. Em geral, os plebeus eram pequenos agricultores, comerciantes, pastores e artesãos e constituíam a maioria da população e eles não tinham direitos políticos, nem civis, mas eram homens livres, podiam possuir terras, pagavam impostos (como nós o fazemos até hoje) e prestavam os serviços militares. Destarte, a diferença entre patrícios e plebeus era marcada por barreiras de tabus extremamente exclusivas.
Assim, naquela Roma antiga, bem antes do nascimento de Cristo, toda essa massa demográfica diferenciada, que formava a população pobre e que habitava o solo romano, vivia sem fazer parte do que acontecia na cidade.
Retrocedendo um pouco no tempo, e comparando os plebeus (os pobres) daquela época com os de nossos dias, veremos que os de hoje, como ser social e político que o são, já fazem parte de quase tudo que acontece na cidade.
Naquela época, existia uma disparidade muito acentuada, socioeconomicamente falando, entre os plebeus e os patrícios. Em geral, aqueles não eram aceitos nos mesmos lugares frequentados pelos patrícios e, em consequência disso e de outras situações de exclusão, as rebeliões constantes deles contra os patrícios não custaram a parecer.
Por conta disso, os plebeus daquela época, ao se sentirem desprestigiados e explorados pelos patrícios, sob todos os aspectos, em 494 a.C., retiraram-se de Roma, indo para o monte Aventino, recusando-se a defender a cidade enquanto não fossem criados direitos políticos a eles.
Os patrícios, por sua vez, sentindo-se encurralados, sem condições de defender Roma sozinhos, cederam à pressão e criaram o Concilium Plebis, o Tribunato da Plebe e, a partir deste, elaboraram leis que garantiam alguns direitos à plebe.
O Concilium Plebis era formado por dois magistrados (tribunos) representantes da plebe, que tinham o poder de vetar ou de se opor às decisões dos cônsules e do Senado, que pudessem prejudicar os plebeus. Caso uma decisão fosse vetada, ela não poderia mais ser posta em prática.
Mais tarde, em 471 a.C., esse número de magistrados subiu para dez, e a função deles também era receber as reclamações dos plebeus que se sentissem injustiçados e, visando a um atendimento sempre imparcial, suas portas continuavam abertas para quem os procurasse.
Isso já era um grande avanço, mas as pressões sociais e políticas por parte dos plebeus continuaram crescendo e novas decisões foram tomadas no sentido de conter a sua continuidade e, tendo como base o Concilium Plebis, em 450 a.C., foi elaborada a Lei das Doze Tábuas, que consistia em transformar em leis escritas, aquelas que anteriormente eram transmitidas e conhecidas apenas oralmente.
O direito consuetudinário, ou seja, aquele que é fundado nos costumes e que é passado oralmente de gerações para gerações, até então existente de forma plena no mundo jurídico romano, deu lugar ao direito escrito e, consequentemente, ao surgimento do primeiro código de leis escritas em Roma, o qual foi redigido por dez juristas, conhecidos como decênviros.
A partir desse momento, com o advento de um compêndio jurídico escrito, os patrícios ficaram de pés e mãos atados, pois a lei escrita dificultava que eles a interpretassem de acordo com suas conveniências, constituindo-se, desta forma, como uma vitória para os plebeus.
Se apanharmos um pouco dessa evolução histórica vivida em Roma naquela época e a transportarmos para os nossos dias, e compararmos com a evolução histórica do nosso hemisfério, veremos que há muitas coincidências e muitas semelhanças com a ocorrência de fatos sociais e políticos dos nossos dias.
Naquela época, por incrível que ainda nos pareça, a política de pão e circo, nos moldes romanos, vigorava de forma intensa.
Nos dias de hoje, aqui, no nosso hemisfério, ainda que não queiramos admitir, a política de pão e circo ainda está sendo empregada de alguma forma.
Sai um governante tido como um mau gestor e entra outro que promete fazer tudo diferente do anterior e, sem mais nem menos, o nosso povo continua feliz, batendo palmas para esse salvador da pátria, que supostamente irá lhe oferecer benesses que lhe sejam favoráveis de alguma maneira.
É sabido desde há muito tempo, que esses governantes, vivaldinos que o são, ao assumirem o poder, tentam se parecer diferentes dos que deixaram o posto e, como não poderia deixar de ser diferente, sempre estão a prometer fazer um governo melhor e mais bem “honesto” que o praticado pelo governo anterior.
Tanto lá em Roma, quanto aqui, as táticas usadas por eles para atrair os seus adeptos e seguidores são bem parecidas. Prometem melhorar o que não está funcionando direito e extinguir o que não deu certo ou que foi reprovado por uma maioria considerável no governo anterior.
Tanto lá, quanto cá, resguardadas as devidas proporções do tempo decorrido e do montante de benefícios a serem auferidos, a plebe tende a ficar com o pé atrás e a buscar melhorar seu padrão de vida social e econômico, não obstante as armadilhas, em forma de tributos e de arrochos salariais, que lhe são preparadas diuturnamente.
Vemos, portanto, que os patrícios ou nobres de cá, continuam muito parecidos com os de lá. Tanto em pensamentos, como em palavras e/ou obras.
Já os plebeus, se compararmos os daqui com os de lá, veremos que os daqui já se diferenciam um pouco dos de lá, pois em pouco tempo, à custa de muitas lutas de cunho político e social, já conseguiram compêndios jurídicos que lhes protegem de alguma maneira, assim como têm assegurada sua liberdade de expressão e a faculdade de escolher, bem ou mal, os seus representantes de governo.
Ainda que estejamos velejando sobre uma onda moralista de cunho eleitoreiro, cujo objetivo velado é passar a impressão de que iremos acabar de vez com a corrupção ativa e passiva dos nossos governantes e, por extensão, do nosso povo como um todo, eu acredito que já avançamos um pouco de uns tempos para cá.
Avança mais, meu povo!
Desde que esse mundo é mundo, classes sociais humanas de posições socioeconômicas díspares, uma em relação à outra, sempre estiveram lado a lado, vivendo mundos à parte, evidentemente, em meio ao mundo conturbado da política partidária, que são:
Os patrícios ou nobres e os plebeus, lá na Roma antiga; os ricos e os pobres, seguidos dos remediados e dos miseráveis, entre outras denominações, compondo a grande maioria dos humanos que vive nos nossos dias, resguardadas as devidas proporções no tocante aos lugares vividos por cada um deles.
Os patrícios ou nobres romanos eram seres diferenciados e eram formados pelos descendentes das primeiras famílias que povoaram Roma. Eles eram os grandes proprietários de terra e de gado e, em geral, ocupavam importantes cargos públicos. Considerados cidadãos romanos, possuíam muita riqueza e escravos. Ali, no topo da pirâmide social romana, compunham a minoria da população.
Quanto aos plebeus, eles formavam a classe social chamada plebe, que era a população menos abastada, socioeconomicamente falando, que habitava a Roma antiga e, por serem forasteiros, oriundos de lugares fora do universo romano, eles viviam um mundo muito diferente daquele que era vivido pelos patrícios ou nobres.
O vocábulo plebeu, pouco usado nos dias de hoje, aqui no nosso mundo ocidental, vem do latim plebem e significa multidão, povo, na nossa língua portuguesa.
Segundo Auguste Bouché-Leclercq, ((30 de julho de 1842 - 19 de julho de 1923) historiador francês, “eles tinham o domicílio, mas não a pátria”. Em geral, os plebeus eram pequenos agricultores, comerciantes, pastores e artesãos e constituíam a maioria da população e eles não tinham direitos políticos, nem civis, mas eram homens livres, podiam possuir terras, pagavam impostos (como nós o fazemos até hoje) e prestavam os serviços militares. Destarte, a diferença entre patrícios e plebeus era marcada por barreiras de tabus extremamente exclusivas.
Assim, naquela Roma antiga, bem antes do nascimento de Cristo, toda essa massa demográfica diferenciada, que formava a população pobre e que habitava o solo romano, vivia sem fazer parte do que acontecia na cidade.
Retrocedendo um pouco no tempo, e comparando os plebeus (os pobres) daquela época com os de nossos dias, veremos que os de hoje, como ser social e político que o são, já fazem parte de quase tudo que acontece na cidade.
Naquela época, existia uma disparidade muito acentuada, socioeconomicamente falando, entre os plebeus e os patrícios. Em geral, aqueles não eram aceitos nos mesmos lugares frequentados pelos patrícios e, em consequência disso e de outras situações de exclusão, as rebeliões constantes deles contra os patrícios não custaram a parecer.
Por conta disso, os plebeus daquela época, ao se sentirem desprestigiados e explorados pelos patrícios, sob todos os aspectos, em 494 a.C., retiraram-se de Roma, indo para o monte Aventino, recusando-se a defender a cidade enquanto não fossem criados direitos políticos a eles.
Os patrícios, por sua vez, sentindo-se encurralados, sem condições de defender Roma sozinhos, cederam à pressão e criaram o Concilium Plebis, o Tribunato da Plebe e, a partir deste, elaboraram leis que garantiam alguns direitos à plebe.
O Concilium Plebis era formado por dois magistrados (tribunos) representantes da plebe, que tinham o poder de vetar ou de se opor às decisões dos cônsules e do Senado, que pudessem prejudicar os plebeus. Caso uma decisão fosse vetada, ela não poderia mais ser posta em prática.
Mais tarde, em 471 a.C., esse número de magistrados subiu para dez, e a função deles também era receber as reclamações dos plebeus que se sentissem injustiçados e, visando a um atendimento sempre imparcial, suas portas continuavam abertas para quem os procurasse.
Isso já era um grande avanço, mas as pressões sociais e políticas por parte dos plebeus continuaram crescendo e novas decisões foram tomadas no sentido de conter a sua continuidade e, tendo como base o Concilium Plebis, em 450 a.C., foi elaborada a Lei das Doze Tábuas, que consistia em transformar em leis escritas, aquelas que anteriormente eram transmitidas e conhecidas apenas oralmente.
O direito consuetudinário, ou seja, aquele que é fundado nos costumes e que é passado oralmente de gerações para gerações, até então existente de forma plena no mundo jurídico romano, deu lugar ao direito escrito e, consequentemente, ao surgimento do primeiro código de leis escritas em Roma, o qual foi redigido por dez juristas, conhecidos como decênviros.
A partir desse momento, com o advento de um compêndio jurídico escrito, os patrícios ficaram de pés e mãos atados, pois a lei escrita dificultava que eles a interpretassem de acordo com suas conveniências, constituindo-se, desta forma, como uma vitória para os plebeus.
Se apanharmos um pouco dessa evolução histórica vivida em Roma naquela época e a transportarmos para os nossos dias, e compararmos com a evolução histórica do nosso hemisfério, veremos que há muitas coincidências e muitas semelhanças com a ocorrência de fatos sociais e políticos dos nossos dias.
Naquela época, por incrível que ainda nos pareça, a política de pão e circo, nos moldes romanos, vigorava de forma intensa.
Nos dias de hoje, aqui, no nosso hemisfério, ainda que não queiramos admitir, a política de pão e circo ainda está sendo empregada de alguma forma.
Sai um governante tido como um mau gestor e entra outro que promete fazer tudo diferente do anterior e, sem mais nem menos, o nosso povo continua feliz, batendo palmas para esse salvador da pátria, que supostamente irá lhe oferecer benesses que lhe sejam favoráveis de alguma maneira.
É sabido desde há muito tempo, que esses governantes, vivaldinos que o são, ao assumirem o poder, tentam se parecer diferentes dos que deixaram o posto e, como não poderia deixar de ser diferente, sempre estão a prometer fazer um governo melhor e mais bem “honesto” que o praticado pelo governo anterior.
Tanto lá em Roma, quanto aqui, as táticas usadas por eles para atrair os seus adeptos e seguidores são bem parecidas. Prometem melhorar o que não está funcionando direito e extinguir o que não deu certo ou que foi reprovado por uma maioria considerável no governo anterior.
Tanto lá, quanto cá, resguardadas as devidas proporções do tempo decorrido e do montante de benefícios a serem auferidos, a plebe tende a ficar com o pé atrás e a buscar melhorar seu padrão de vida social e econômico, não obstante as armadilhas, em forma de tributos e de arrochos salariais, que lhe são preparadas diuturnamente.
Vemos, portanto, que os patrícios ou nobres de cá, continuam muito parecidos com os de lá. Tanto em pensamentos, como em palavras e/ou obras.
Já os plebeus, se compararmos os daqui com os de lá, veremos que os daqui já se diferenciam um pouco dos de lá, pois em pouco tempo, à custa de muitas lutas de cunho político e social, já conseguiram compêndios jurídicos que lhes protegem de alguma maneira, assim como têm assegurada sua liberdade de expressão e a faculdade de escolher, bem ou mal, os seus representantes de governo.
Ainda que estejamos velejando sobre uma onda moralista de cunho eleitoreiro, cujo objetivo velado é passar a impressão de que iremos acabar de vez com a corrupção ativa e passiva dos nossos governantes e, por extensão, do nosso povo como um todo, eu acredito que já avançamos um pouco de uns tempos para cá.
Avança mais, meu povo!