ESTIGMAS!

ESTIGMAS!

Eu e minhas cicatrizes. Ganhei minhas duas primeiras marcas aos três anos de idade quando fui traspassado na coxa por uma haste de capim. Depois, ganhei outra na panturrilha esquerda: um cão sem raça definida, mas definitivamente antissocial deixou ali a sua marca. Ganhei outra na perna direita casa de meu amigo Expedito, no tempo em que jogar bola era o nosso ofício: tudo o mais era lazer. Essa, a dona Maria gastou bem um pote de pó de café para estancar o sangramento. A do joelho esquerdo foi osso. Literalmente. Essa foi a que mais dano me causou e por pouco não perdi o ano letivo. A do ombro esquerdo foi queda de um cavalo canalha que se chamava Canário. A do abdômen foi queda de Bike. Uma na fronte foi acidente, tipo um dano colateral em meio a uma caçada. A da parte interior do lábio em forma de “y” foi deixada por um garoto beligerante. Por fim, as quatro circulares que carrego no antebraço direito, foram produto de arma de fogo. Essas quatro são especiais. Elas me fazem lembrar diariamente "... qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade... do amor de Cristo" Ef.3:18. As feridas da alma, entretanto, foram as que mais sangraram, as que mais me doeram e as que mais tempo demoraram a cicatrizar. Eventualmente ainda sangram.

Gosto de minhas cicatrizes porque são como ilustrações em alto relevo em um livro de aventuras. Elas são testemunhas de uma infância intensa e saudável. São a prova irrefutável de aquilo que poderia me destruir acabou me tornando mais resiliente. Em certo sentido, minhas cicatrizes me aproximam de meu Mestre: "Se alguém lhe disser: Que feridas são essas nas tuas mãos?, responderá ele: São as feridas com que fui ferido na casa dos meus amigos.” ZC 13:6