O DONO DOS SONHOS

Era uma vez um homem frio, frio como o gelo seu coração, entre contas e negócios, sua vida se resumia em vencer, lucrar e os juros do que ele emprestava, cobrava sem piedade, importante era o dinheiro. O homem era grosso com quem o desafiasse e jamais tinha tempo para apreciar os momentos, sua cabeça era apenas para os negócios, até que um dia foi contratado para o ajudar um jovem, ainda moço, tão simples era, chegou para trabalhar com um sorriso largo no rosto, teria dinheiro para conquistar os sonhos, que eram muitos, o homem viu o jovem e o considerou incompetente, dava para perceber que nem experiência tinha, quem teria avaliado seu currículo? O tempo foi passando e o moço trabalhando, mas sempre era a mesma coisa o homem não via qualidade no serviço e torcia o nariz ao ver com desdém o empregado ser gentil com outras pessoas na empresa, era inadmissível tamanha perca de tempo, até seu café esfriava enquanto o menino conversava com algum zelador ao invés de atender o homem, mas o que mais o que mais o irritava no rapaz era o fato dele ser um sonhador, resolveu proibir ele de sonhar, se quisesse continuar trabalhando, assim fez, disse em tom desagradável : " - Essa empresa é para fortes, sonhadores não têm espaço aqui, se for continuar aqui, deixe de ser aluado, não tolero fracos! " O rapaz sabia da realidade, desemprego e não queria voltar a não ter dinheiro, mas como deixar de ser ele mesmo? preocupado, pensou e pensou... Escreveu ao chefe : "A verdadeira fraqueza do homem é negar a si mesmo, não posso deixar de sonhar, de ser quem sou porque assim cheguei aqui, quando ouvi os "nãos", posso não mais te falar, garanto que nada direi dos meus sonhos, mas não podes impedir que eu seja quem sou " O homem achou-o petulante, quis até despedir, mas ao fim do dia olhando-se no espelho após tantos anos, não se reconheceu... Ele fora tudo menos sonhador e onde chegara tinha sucesso, mas sabia agora que seus olhos não brilhavam como os do moço e por fim chamou o moço no dia seguinte e disse "Parabéns" o moço não entendia muito ainda de finanças mas entendia a vida, soube assim que ao menos fizera o homem refletir e seria querer demais que ele mudasse tudo, o importante era a nova centelha que via brilhar nos olhos antes cinzas.

Rita Flor
Enviado por Rita Flor em 17/02/2020
Código do texto: T6867917
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