AFINAL, O TEMPO PASSA.

Minha mente voltou quinze anos no tempo, na noite de um sábado, era o final de casamento — o meu enlace. Boa parte dos convidados já haviam deixado o salão, restavam uns aqui, outros acolá. Estávamos exaustos, tantas fotos, correria de um ano todo. Valeu a pena! O casamento foi belíssimo. Terminada essa parte exaustiva, nos dirigimos para o carro de um amigo que nos levou rumo onde seria a nossa lua de mel… Não caríssimos leitores, não foi em uma cidade encantadora como muitas no Brasil — bem que poderia ter sido — mas, nossos minguados recursos nos levou a outro lugar, não era uma ilha, porém, um aconchegante hotel, fazenda muito estiloso.

Dois jovens, cheios de disposição, um chalé adorável, piscina maravilhosa para nosso divertimento. Aproveitamos cada minuto. Fizemos passeio de charrete, conhecemos pessoas diferentes, o restaurante do hotel era simples, porém, de um capricho sem igual. Foi os melhores dias que passamos na vida, uma lua de mel que jamais vou esquecer. Assim como o lugar, que na época, quinze anos atrás, tinha o nome de, 'Solemar', ainda guardamos algumas das fotografias da época.

O tempo passou… Quinze anos…

Sol a pino, domingo quente, diferente dos dias anteriores de chuva e frio, estamos no verão com um clima de inverno, mas tudo bem. O dia estava propício para uma piscina. Tínhamos o dia favorável, disposição, meio de locomoção, e, principalmente, um lugar para ir. Sim… Não poderia ser outro lugar… Depois de tanto tempo, retornaríamos ao antigo 'Solemar'. Tudo aconteceu assim, de repente. Estávamos resolvendo uns problemas, indo aqui e ali pela cidade até que, minha esposa encontrou uma amiga em um supermercado, na conversa das duas, a colega, falou justamente desse lugar, que ela tinha passado uma tarde, e que agora a piscina era aberta ao público; enfim, para encurtar o assunto, minha mulher através dessa colega conseguiu ingressos para um dia inteiro, do, agora 'clube', solemar, pela metade do preço. Claro que não perdemos a oportunidade.

Lá estávamos nós, calor, piscina lotada, de quebra, levamos nossa filha. Quinze anos se passaram, nada no local mudou, a mesma beleza e capricho. Mas, alguma coisa sim, tinha mudado, e, era nós mesmos. Percebemos, embora o entusiasmo, que já não éramos àquele mesmo casal do passado. “Talvez seja nossa idade, estamos ficando velhos, amor” —, disse minha esposa. Concordei, realmente, algo diferente aconteceu. Divertimos e muito, não pensem os senhores que foi um dia chato, muito pelo contrário, nos alegramos muito com nossa filha. Voltamos para casa realizados, cansados de ficar o dia todo na água, mas, lá, no fundo, esse casal nem tão jovem assim, percebeu que tudo passa, e por mais que tentemos revisitar certos lugares que marcaram momentos nas nossas vidas, nunca será a mesma coisa. Haverá sempre o confronto do passado com o presente, do novo lá de trás, com o velho aqui da frente.

Afinal, o tempo passa.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 16/02/2020
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