AS CHUVAS VOLTARAM
Mais um ano se passou.
O verão voltou ao Sudeste do Brasil e com ele o calor insuportável, as chuvas torrenciais, as tempestades, as rajadas fortes de vento, as frentes frias estacionárias sobre o oceano, os corredores da umidade vindas do Norte engrossando a zona de convergência do Atlântico Sul, os cavados na alta atmosfera e cá em baixo, os mosquitos, os bolsões d’água e alagamentos em terrenos vazios, ruas, avenidas e prédios, as enchentes, o asfalto esburacado e pontes sendo levadas pela caudal dos rios aprisionados em canais estreitos e assoreados, rompimento de barragens e de tubulações de fornecimento de água potável, deslizamento de barreiras, desmoronamento de prédios precários construídos em encostas sem as normas de segurança ou estabilidade, famílias desabrigadas, ineficiência de piscinões inacabados, bombas inoperantes, os prejuízos no comércio e industrias, aulas suspensas, quedas de árvores, interrupção de fornecimento de água e de energia elétrica e, para cumprir o ritual as mesmas desculpas de cara lisa das autoridades constituídas, sem explicação plausível para a não utilização das verbas orçadas para as ações de combate aos transtornos de sempre.
Claro que o poder público ainda está atolado até as tampas na mais completa corrupção e envolvimento com as empreiteiras;
que os gestores dos cargos comissionados foram preenchidos conforme a barganha de fundo eleitoral e tempo de televisão entre os partidos antes das eleições e que em sua maioria, são pessoas sem a capacidade técnica para exercer tais funções;
que grande parte dos “desastres” são provocados pela ação dos moradores das localidades, quanto ao lixo fora do lixo, dos criatórios de mosquitos transmissores de doenças em reservatórios de água, piscinas e pratinhos de plantas mal cuidados;
das construções precárias e irregulares em áreas de risco;
dos móveis, colchões e utensílios descartados dentro de córregos; pontas de cigarros, material descartável, papel de bala e lixo comum varridos para dentro das bocas de lobo...
Quanto aos fenômenos meteorológicos, que segundo as projeções dos modelos matemáticos tornar-se-ão a cada ano mais fortes e imprevisíveis nada podemos fazer, mas podemos exigir do poder público ações para dragar e alargar as calhas canalizadas dos córregos; proceder a permeabilidade das calçadas e aumento das áreas em torno das árvores além de evitar a podação predatória responsável pelo desequilíbrio das mesmas; concluir o enterramento da rede elétrica prometida de longa data e já cobrada dos usuários; adequação dos prédios vazios, públicos ou abandonados pelos proprietários, para habitação dos atuais ocupantes de moradias em situação de risco e, principalmente, educar insistentemente antes e punir severamente depois a população quanto à destinação correta do lixo que cada um produz e exigir o cumprimento intransigente das leis.