Distopia (ou o fim do sentimento)
E eis que na amarga desventura, opera, em sua mente, algo de inusitado. Festeja, calado, o nascimento de mais um filho. Não anuncia essa revolução, em seu espírito, nem ao mais chegado dos amigo. Sabe, consciente, do incerto, - e sem conserto imediato - futuro, que é perca de tempo acreditar nas mudanças. Por isso, e com lamento contido, não anunciou sua recém paternidade. Tempos estranhos - disso ninguém discordava - eram vividos por todos. Uma névoa de medo e desconfiança pareciam ter se instalado. Nos bares não se viam mais amigos em grupos. Nos parques apenas pessoas sos nos seus exercícios diários, por poucos minutos, uma vez que novo edito fora anunciado com novas regras de convívio ao ar livre. Enfim, naquele dia, seu coração não suportou: o homem que aguentara tanta dor e sofrimento, chorou como uma criança. E chorou escondido, porque o novo edito proibia manifestações de sentimentos em público.