Desamparo e orfandade
Nenem sua vida foi abreviada de forma cruel. Você passou pouco tempo na terra, porém viveu com intensidade. Conheceu o amor que sempre lhe dediquei, e foi grato pela dedicação que lhe dispensei quando criança, pois quando todos haviam perdido a esperança de sua sobrevivência, eu desafiei a medicina e acreditei que você lutaria para sobreviver.
Sua vida foi curta, mas não foi vazia. Amou e foi muito amado tenho certeza.
O tempo passou para todos menos pra mim...todas as quartas feiras e todo dia 12 de cada mês relembro aquela noite cruel, e sofro muito ainda a imaginar o instante final do meu filho. Relembro o momento quando recebi aquela triste e inesperada noticia, de que meu filho sofrera um “acidente” e depois, passadas algumas horas me contam a cruel verdade: meu filho não resistira aos ferimentos...Pior ainda fiquei sabendo que meu filho havia sido assassinado.
No dia seguinte, ao te ver inerte em um ataúde, com os olhos fechados, a sensação era de desamparo e de orfandade...
Hoje, passados nove anos, ainda me lembro daquela noite em que recebi a notícia e do dia do velório e sepultamento. Importa dizer que a sensação é a mesma: de desamparo e de orfandade. Muitas vezes as lágrimas jorram sorrateiras fugindo ao meu controle..
O que muito me admira e constrange, é a atitude de algumas pessoas que não pensam na dor do outro...parecem não saber que um dia poderão estar passando pela mesma situação que estou passando, que este filho poderia ser seu... Não sabem estas pessoas, que depois de perder um filho, uma mãe tem o coração dilacerado, pois olha para dentro de si, e ver apenas dor e saudade. Saibam que o recomeço é muito difícil, viver cada dia após a morte de um filho, é uma conquista.