Nome diferente

Hélida. Quando criança nem percebia que se tratava de um nome diferente. Foi inspirado numa cantora que eu admirava bastante, Élida Lamounier. Eu, cantora desde sempre, adorava a idéia de já vir com nome artístico na certidão. Poder usar apenas "Hélida"

na capa do disco, nunca ter uma xará na sala de aula, era bastante glamouroso. Apenas na fase adulta comecei a perceber o óbvio: pouquíssimas pessoas no mundo se chamam Hélida - Mas por que esse nome? Seu pai é Hélio e sua mãe Érica? Esse povo antigo pobre inventava cada nome, né? - E mais uma série de perguntas esquisitas que culminaram num taxista que riu de chorar quando disse meu nome. Aprendi com o tempo a atender por vários nomes: Elika, Nélida, Érica... Se for carinhoso pode me chamar de Catarina que digo "Olá".

Ao perceber-me diferente, a pergunta inevitável surgiu: Eu gosto do meu nome? Ah, eu gosto! Gosto de toda leveza proparoxítona que traz consigo. Gosto deste E aberto, arreganhado, que se oferece a vida ainda que contido por um H que se cala. Gosto do toque suave da língua nos alvéolos ao produzir suas consoantes. Sem falar na sequência exuberante de vogais que não se dão facilmente: E I A. Vogais penetrantes, voluptuosas. E o conjunto exato disso é um nome curto, de sonoridade leve, ternária, que sai da boca valsando com um sorriso - Hélida - A vida chama. Eu apenas sorrio e respondo: "sou eu".

Déda Lizz
Enviado por Déda Lizz em 09/02/2020
Código do texto: T6862349
Classificação de conteúdo: seguro