ENCHENTES.

Nos últimos meses chuvas fortíssimas vêm castigando diversas regiões do Brasil causando grandes enchentes, perda de bens materiais, e, infelizmente, vidas humanas. O estado de Minas Gerais é o mais afetado. Há anos que não ocorre temporais tão devastadores como esses no mês de janeiro. Muitas cidades do interior Mineiro, bem como no Estado do Espírito Santo, foram duramente castigadas com chuvas acima do normal para a época provocando grandes inundações.

Muitas famílias perderam seus bens, outras, restou-lhes tão-somente a roupa do corpo. O que foi visto é um cenário de destruição quase apocalíptica em diversos locais. Ruas inteiras destruídas, asfalto revirado, tubulações arrancadas pela força das águas. A cidade de Belo Horizonte teve o seu centro devastado, com lojas, calçamento e asfalto destruído. Moradores que tinham suas casas próximas de rios, ainda que canalizados, viveram momentos de terror. O que sobrou de muitas casas foram entulhos cobertos de lama. Nada pode ser aproveitado. O prejuízo para muitos comerciantes foi completo. Não houve tempo de salvar nada. A vida humana… A própria vida, foi o que muitos conseguiram salvar. Infelizmente outros não tiveram a mesma sorte.

A chuva parece não dar tréguas em muitos desses lugares. Enquanto às autoridades tentam reconstruir o que se perdeu, quando, em poucos momentos o sol reapareceu, repentinamente veem-se surpreendidos com novos temporais, e tudo volta a ser o caos anterior. Muitas escolas virou moradia temporária para os que perderam tudo.

As histórias daqueles que, por um milagre salvaram suas vidas são muitas. Certo senhor em uma entrevista chegou a dizer: “Eu estava dormindo, quando, de repente, ouvi uma voz que me disse: 'Sai agora', foi apenas o tempo de me levantar e sair de dentro de casa, e tudo desabou”. Outro senhor disse que estava em sua casa, quando saiu para ver como estava o tempo, naquele momento escutou como se fosse estalos — como já havia chovido muito e sua casa era em uma ribanceira, eles já haviam saído da residência, mas retornaram — Quando gritou pela esposa e pelos filhos para saírem de dentro da casa, pois à mesma começava a desmoronar, não houve tempo de salvá-las. A casa desabou matando esposa e os três filhos. Essas histórias se multiplicam a de muitos outros, que igualmente tentam em meio aos escombros dos próprios sentimentos refazer o que restou de suas vidas.

O número de desalojados é assustador, sem dizer nos desabrigados e desaparecidos. A tendência desses números e subir ainda mais caso a incidência de chuvas acima do normal continuem a castigar o estado. O momento é de atenção, e, prevenção daqueles em áreas de risco.

Lembro-me de quando criança, morando em uma fazenda, das muitas vezes que em época de chuva o rio transbordava. Às enchentes era atração para criançada. As casas eram construídas bem longe dos rios, o que raramente causavam problemas. Às águas turvas e furiosas, cortando as encostas das matas, amassando toda a vegetação, era para nós, bonito de se ver. Contudo, a fazenda ficou no passado, hoje, vivendo na cidade, na selva de concreto e aço, a realidade é bem diferente, muita chuva é sinônimo de preocupação. Na atual realidade das nossas cidades pessimamente administradas revela toda sua fragilidade.