A ALMA E A INTELIGÊNCIA.

O venerável São Tomás reputa a inteligência como a faculdade mais perfeita de nossa alma. Nosso majestoso sacrário. A inteligência do Cristo mostrou pelos sentidos o gesto da doação como o caminho para o Reino dos Céus.

Ratifica assim o que nos trouxe Lucas:“Reino de Deus, respondeu-lhes Jesus questionado onde se encontrava: [O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.] (Lucas 17:20-21).” Esse é o Reino de Deus que nos aponta Cristo; está entre nós e em nós, em nosso interior, em nossos sentidos, se manifesta dentro do coração daquele que se ordena e a seu intelecto com sinceridade e mesmo critérios lógicos.

Adequou Aquino a filosofia de Aristóteles, aos princípios cristãos através da Ética. Assim, a Ciência Ética é o "movimento da criatura racional para Deus". Racional, portanto, ou seja, irmão da lógica. Longe da lógica a inteligência não existe. E a alma não se revela.

Tomás com sua acuradíssima inteligência, invulgarmente privilegiada, criou uma ciência nova sua, acrescida à estrutura aristotélica que a tudo orienta até hoje - a lógica.

É um marco decisivo para a investigação em geral, tudo é forma, e por ela transita, é realidade que foi desenvolvida de outra coisa precedente que era matéria.

O “tudo se transforma” que não realça especificidades, já que gênero da mudança em geral, é forma, é o veiculo da matéria em sua maior abrangência, resultado final, a realidade última da matéria. A forma decorre da força que lhe dá a matéria, modela a mesma, e tem, portanto, como pressuposto, a necessidade e o movimento que definem o modelo, a forma.

A natureza é o constante modelo formador da matéria, pode-se dizer: é a conquista da vida, mutante e permanente. A matéria pode e deve ser eterna por ser a tranquila possibilidade de futuras formas, tendo, porém, a matéria, deixado desde a investigação filosófica, a invariável, angustiante e exaustiva indagação de quando e como começou este processo vasto de movimentação e formação.

E quando a matéria é forma em vida inteligente cerebral, incorporando a origem? Fruto do racionalismo a investigação, mas tocada de maneira profunda pelo ineditismo de inexistir vida cerebral, forma inteligente, por exemplo, no embrião, que inalando oxigênio terá a porta aberta para entronização da inteligência.

Nesse sentido damos a palavra a São Tomás: “Por outro lado, a alma é imortal, pois é imaterial, e tudo que é imaterial é imortal.” Para Tomás a alma se agrega à matéria no terceiro mês do nascituro.

Estamos nesse campo, da evidência em lógica, que encerra a certeza; tudo que é imaterial (ausente de forma) é imortal. Assim é a alma que adere à matéria que ainda não pensa.

Só a matéria sofre transformação por extinção de uma espécie em outra. Força é deduzir que o pensamento, a alma, é imortal por ser imaterial. Não pertence a este mundo que abriga a materialidade. E assim também o pensamento. Concorre que o direito como ciência protege a propriedade imaterial como um bem, o pensamento, a literatura por exemplo; ela não morre. É imaterial embora expresse valor material.

Mas a matéria carrega consigo alma?

Para Tomás, o conhecimento passa por vários graus de abstração cujo objetivo é conhecer a imaterialidade. O primeiro esforço da função abstrativa consiste em considerar as coisas independentemente dos sentidos e da noção que tiramos deles. O segundo esforço consiste em considerar as coisas independentemente das qualidades sensíveis. No terceiro esforço temos que considerar coisas independentes de seus valores como matéria.

Assim chega-se ao objeto metafísico, que é imaterial, espiritual, enfim, imortal; alma que se vai em espírito no fim da jornada.

É esse capitulo de nossa integridade corpórea e incorpórea que nos dá vida, a vida inteligente formal e a vida anímica que tem outros veículos como meio.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 07/02/2020
Reeditado em 07/02/2020
Código do texto: T6860711
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