A FÁBULA DA SERPENTE OCULTA

Havia um homem que se dizia honesto e cumpridor de seus deveres e, por essa razão, gastava o mínimo possível do que ganhava para, segundo ele, guardar para o futuro quando poderia gozar do fruto de seu trabalho e de sua honestidade, sem precisar nada de ninguém.
Quando alguém lhe pedia uma esmola ou uma ajuda ele dizia à pessoa que fosse trabalhar e labutar tal como ele o fazia, pois não repartiria o que, com suor, guardava. Procurava não exagerar nos afazeres para não contrair alguma enfermidade que o levasse a gastar algum dinheiro. Vivia solteiro para não carregar o ônus de uma família.
Não se importava com o próximo ou com os problemas das pessoas, pois tudo lhe era indiferente.
Certa feita, durante um trajeto que era feito a pé, sofreu ele uma queda e, sem sentidos, permaneceu caído em um local ermo, sem contato com pessoas. Perto do lugar havia um humilde lavrador, morador em uma tapera abandonada, mas muito bem cuidada, porque ali, de tempos em tempos, recebia a visita de pessoas humildes que buscavam o que comer em época de escassez. Pois bem, esse humilde lavrador, que não se preocupava com riqueza, porque quase tudo o que colhia, com seu trabalho, era distribuído aos necessitados, encontrou, caído, aquele que valorizava o dinheiro. Cuidou do acidentado o quanto pode. Sacrificou seu apetite para sobrar algo para o vitimado, sem afetar as necessidades daqueles que costumeiramente recorriam a ele. Uma vez curado, o viajante agradeceu, mas não esboçou qualquer iniciativa de retribuição em dinheiro, ao contrário, disse nada possuir que pudesse pagar tanta gentileza. O humilde lavrador disse que não havia porque pensar em retribuição, se o que fez o foi sem qualquer intenção financeira. Pediu ao assistido que permanecesse no casebre mais algumas horas, porque pessoas vinham buscar alimentos e, quem sabe, condoídos pela situação, pudessem contribuir com algo para ser entregue a ele vitimado. Assim foi feito e o acidentado, além de ter recebido todo o cuidado, partiu com algum dinheiro no bolso certo de que merecia, porque era trabalhador. Andou algumas léguas e, cansado, sentou-se à sombra de uma árvore e cochilou. Durante o cochilo foi surpreendido por uma cobra venenosa que o picou mortalmente. Acordou com muita dor e nada pode fazer com todo o dinheiro que possuía. Ali morreu segurando com força a bolsa com o dinheiro obtido.
Moral da estória – Para viver em sociedade há necessidade de se dar a devida atenção a quem nos rodeia e até mesmo com problemas que poderão nos afetar, se não formos cuidadosos, prudentes e responsáveis. O comportamento do viajante nos leva a compreender nossas omissões e as consequências que, em regra, desconsideramos. Por isso não se deixe levar pela sedução do dinheiro, da diversão, da luxúria, da indiferença e da irresponsabilidade, porque não se sabe onde se esconde uma serpente mortal.
aclibes
Enviado por aclibes em 06/02/2020
Código do texto: T6859747
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.