O rei e o principezinho

Ler para uma criança, além de incentivar um hábito que ela vai levar para a vida toda, pode gerar aprendizado até para o adulto ledor. Os livros infantis encerram ensinamentos morais basilares que nos fazem meditar.

Tive essa experiência quando eu estava lendo para minha filha O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, um livro daqueles que são referenciados em diversos meios e vez ou outra se vê um trecho em algum lugar. Quem não conhece, por exemplo, a frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" que, pasmem, serviu até de inspiração para um cântico cristão. A verdade é que eu nunca havia parado para ler a obra, talvez até por subestimá-lo, julgando que não seria coisa de adulto. Aliás, essa é uma ideia que o autor aborda, o fato de adultos esquecerem-se de que já foram crianças e priorizarem o pensamento lógico, em detrimento da imaginação e criatividade. [Mas esse é outro assunto. Voltemos à vaca fria.]

Compartilho, assim, um trecho que traz uma grande lição àqueles que exercem algum tipo de liderança, seja de qual nível for, seja você alguém que tenha muitas pessoas sob seu comando ou um pai / mãe que carrega a árdua missão de educar seus filhos. Segue o excerto:

"Se eu ordenasse a meu general voar de uma flor a outra como borboleta, ou escrever uma tragédia, ou transformar-se em gaivota, e

o general não executasse a ordem recebida, quem - ele ou eu - estaria

errado?

- Vós, respondeu com firmeza o principezinho.

- Exato. É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar, replicou o rei. A autoridade repousa sobre a razão. Se ordenares a teu povo que ele se lance ao mar, farão todos revolução. Eu tenho o

direito de exigir obediência porque minhas ordens são razoáveis."

Pense nisso ao exercer a liderança!

Por fim, não sinto vergonha em dizer que, afinal de contas, estou lendo mais para mim do que para ela (minha filha). Talvez eu ainda tenha esperança por não ter me tornado 100% um adulto chato, talvez uns 99%.