QUAL SEU MEDO?

O medo do desconhecido é uma característica marcante da natureza humana, talvez seja por esse motivo que temos medo cada vez de mais coisas: vírus novos que surgem ameaçadores a todo momento, ataques biológicos, picadas de mosquito, clonagem de cartão de crédito, por aí vai...

No meu dia a dia de cidadã comum, não raro me deparo com ele, o Medo.

São tantos comentários, tantas informações que bombardeiam nossas mentes incessantemente. No entanto, essas "informações" , muitas vezes mais deformam os assuntos, do que comunicam.

A gente tem medo do desconhecido, mas tem mais medo ainda do "mal conhecido", da realidade mistificada, deturpada como um quebra- cabeças incompleto.

A popularização da Internet e das redes sociais que deveria ser uma"ponte sobre as águas turbulentas do desconhecido", trazendo à tona a verdade e diminuindo receios infundados, engendrou a utopia do "tudo conhecer para nada temer".

O Latim decepado ao meio parece bruxaria.

Multiplicaram-se as correntes de ódio e a ignorância voluntária. A rede de informações parece mais uma coberta que nos deixa de pés frios.

Uma vida sem medo implica na humanização dos discursos, na compreensão dos fatos sem as lacunas das ideologias, dos homens por detrás dos memes, das mulheres por detrás dos filtros de montagem, da história por detrás das lentes de aumento do oportunismo, da política por detrás da politicagem...

Para isso seria necessário não apenas conhecer, pois já conhecemos demais, a ponto de não mais nos espantar, a ponto de achar banal, mas não a ponto de não termos medo ser atingidos. Sobretudo seria preciso RECONHECER o outro, tirar os antolhos que nos impedem de olhar para todas as direções possíveis e prováveis, de olhar além de nós mesmos, além das mensagens subliminares, das certezas absolutas e congelantes, além do horizonte dos nossos próprios medos.

Gi Luz
Enviado por Gi Luz em 05/02/2020
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