RETORNANDO A CONSERVATÓRIA

Foram 25 anos desde a última vinda até esse lugar. 25 anos com a certeza de que voltaria um dia.

Dessa vez venho embora sem essa certeza, apesar do imenso desejo de voltar. Havia ali uma fonte, a Fonte da Saudade; e quem bebia nessa fonte, voltaria com certeza. Então, a cada vez, eu ia até a fonte e bebia...

Eu fui muito frequente nessas terras. 3 a 4 vezes por ano, durante cerca de 5 anos. E então veio esse gigantesco intervalo.

Não encontrei mais a Fonte da Saudade... e nem meus grandes amigos seresteiros... Mas encontrei a seresta e a serenata, preservadas por seresteiros outros de quem me lembrei assim que vi. Encontrei novidades bem bacanas: o Chorinho na Praça, a Solarata, muitos shows alternativos, o Centro Cultural Waldir Azevedo, a Casa de Cultura e diversos museus.

Mas além da fonte, o Museu da Seresta que eu frequentava com tanta alegria não existe mais... e o balneário, onde passava o dia me refrescando na Cachoeira da Índia, nem é mais chamado de balneário, nem está bem cuidado...

Senti muito essas faltas, assim como me emocionei ao deitar a cabeça no ombro da estátua do querido José Borges (que deixou órfãos os seresteiros e seresteiras em 2002). Os olhos marejaram ainda em frente ao Caminho Joubert de Freitas, o crush mais velho que tive (ele partiu em 2010, aos 94 anos), um crush inesquecível...

No final, no balanço das perdas e danos, Conservatória ainda é o meu lugar mágico, meu portal para um tempo romântico e tolo. Por isso mesmo encantador. Um lugar onde o barulho dos passos nas pedras das ruas virou a Canção de Sons de Pedra... Lugar onde o túnel de acesso chora e "dizem que é de saudade que o túnel vive chorando"...

E apesar de não ter bebido outra vez na fonte para garantir o retorno, meu sentimento forte é de que irei fazê-lo em breve!