Curta viagem
Começo da manhã – segunda-feira – apanho um ônibus. Vou a um município perto da cidade, área metropolitana.
Coletivo vazio, não sem ninguém, não. Com poucos passageiros. Sigo por uma BR, movimentada.
Nos distraímos em viagens. Sejam curtas, sejam longas. Vemos um monte de coisas: posto de gasolina, galpões, igrejas, supermercados, pessoas, veículos.
Mesmo sendo tempo de chuva por aqui, o sol estava a brilhar. Beleza o iniciar de um novo dia. Ressuscitarmos, estamos vivos, a vida ganha força.
Chegou a parada, o local onde eu ficaria. Desci. Fiz o que tinha de fazer: fazer uma entrevista com engenheiro, diretor de uma empresa de coleta de lixo.
Terminada a missão, voltei. Estava de novo na BR – horário de grande fluxo. Teria de atravessar duas pistas. Estava meio difícil.
Consegui. Caminhei para a parada, distante. Peguei um ônibus lotado, gente em pé. Não estava, porém, tão cheio. Não.
Uma pessoa desocupou uma cadeira, próximo a mim, iria descer. Vi uma senhora, um pouco gordinha. Fiz-lhe sinal, ofereci-lhe o lugar. Ela veio, sentou-se. ----- Muito obrigada, meu senhor - me agradeceu, sorrindo.
Bem, precisamos fazer um boa ação por dia. Nossa imagem melhora perante Deus. Muito.
Vale ressaltar que fazemos muito pouco, bem pouco, em favor do próximo. Somos limitados.
E eu novamente ali, degustando a viagem. Vendo o que tinha visto pouco antes, galpões, fábricas, postos de combustíveis, carros.
Agora em pé. Ao lado uma jovem, cabelos compridos. Rosto bem feito, parte da barriga à mostra, como tantas garotas daquela idade.
Me disse, com simpatia: ----- Gostei de seu gesto, de oferecer a cadeira à essa senhora. Quase não se vê pessoas gentis, hoje.
Disse-lhe: ----- Sim, ainda há pessoas caridosas, felizmente. São poucas, minoria.
Pouco depois ela, jovem, deu sinal. Iria descer. ----- Bom dia pro senhor, ela me disse.
----- Pra você também – respondi. E continuei ali, no coletivo, me distraindo naquela viagem.