MEMÓRIAS

Passa-se o tempo e com ele passamos. Anos veem e vão, levando nossa juventude e nos deixando valiosas experiências que nos servirão de guias pela vida afora. De janeiro em janeiro, acumulamos bagagens que, certamente vão pesando em nossas lembranças. Fatos bons e outros nem tanto, porém necessários, para nosso ajuste de conduta, afinal, nem sempre nossas verdades são de fato as verdades daqueles que nos cercam.

Olhando para trás, conseguimos vislumbrar ocorrências que certamente nos farão ficar orgulhosos e gratificados pelas justas atitudes tomadas. Mas, nem tudo foi acerto, e sempre existirão situações que agora, olhando com calma e parcimônia, dá para ver que poderia ter sido resolvido com maior envolvimento, sem ser omissos, se doando mais, se envolvendo de fato, apoiando, dando um conselho sensato.

Ao chegar ao topo da vida (ou quase lá), vemos que, estamos ultrapassados, apesar de estarmos incluído dentro do sistema cibernético atual. As amizades, os grupos de amigos, os telefonemas, as cartas, as visitas dos familiares, foram substituídos por mensagens frias demandadas nas redes sociais. E essas, em sua maioria, servem de suporte para o exibicionismo de seus usuários, que postam coisas banais. Comi isso, vesti aquilo, comprei, viajei, participei, casei, separei, etc, em muitas das vezes, demonstrando um status que nem sempre é verdadeiro. O Cartão de Crédito com a fatura parcelada que o diga.

A exposição online, notadamente faz dessas pessoas, vítimas daqueles delinquentes que buscam nesses ambientes, potenciais presas, para aplicarem seus golpes. Os noticiários estão repletos de histórias de variados teores, incluindo roubos, sequestros, estupros e até mortes, e na maioria das vezes, a fonte dos dados para alimentar os malfeitores, são oriundas dessas mesmas redes sociais.

É comum se ver filhos, bem sucedidos financeiramente, se arvorarem em se dizer possuir dezenas de amigos que comungam das mesmas rodadas de vinhos, das mesmas viagens ao exterior, clientes de lojas chiques, que usam roupas de marca, e, no entanto, tratam seus pais com certo distanciamento, inclusive já os preparando para habitarem um asilo, quando se fizer necessário.

Os pais se doaram, se sacrificaram, cada um com sua condição financeira, precária ou não, tentando fazer dos filhos pessoas do bem, profissionais de sucesso, corretos, justos e no final da vida, quando suas forças não mais existem, recebem o duro golpe de terem que se sujeitar a uma casa de repouso, fria e impessoal, longe daqueles que tanto amaram. E o que se sabe é que, após serem deixados à mercê de sua sorte, esses mesmos filhos, outrora amados e idolatrados, nem sequer se dignam a fazer-lhes uma mísera visita.

Idosos, na visão dos filhos e netos, é uma geração em extinção. Envelheceram e são tratados como tal. Vão para o fundo do baú, como vão as velharias. São materiais descartados em depósitos pagos pelos filhos que, em alguns (ou muitos) casos, ainda acham que estão cumprindo com o seu dever, não os deixando nas ruas. Será que esses mesmos filhos, não serão um dia no futuro, os velhos que eles rejeitam hoje?

Nevinha
Enviado por Nevinha em 02/02/2020
Reeditado em 11/08/2022
Código do texto: T6856591
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