“Ela” transita descalça e despida – uma indigente na casta social
Temos tratado há alguns anos no Brasil, principalmente ante a Constituição Cidadã de 1988, que somos sujeitos de direitos e garantias fundamentais. Esses preceitos jurídicos, a princípio, nos remetem a um entendimento que a partir de então, se tornariam cláusulas essenciais e basilares na lida do progresso social-humano. De modo que é compreendido que todo homem e mulher possam se desenvolver com plenas condições em meio à sociedade. Ademais, mesmo sem muitas investigações densas é possível claramente perceber que a dignidade humana ainda transita descalça, despida e caminha muito lentamente quase como uma indigente pela casta social. À vista disso Juan Vives, humanista espanhol, nos afirma que “a justiça é o vínculo das sociedades humanas; as leis emanadas da justiça são a alma de um povo”.
Lado outro não podemos nos esquecer que de fato houve, mesmo que rasteira, uma evolução da justiça, dos direitos fundamentais e sociais. A própria evolução político-econômica e financeira do país das últimas décadas nos apropria disso, quando, por exemplo, na atual conjuntura temos uma moeda forte que pode nos permitir planejar a médio e longo prazo nossa vida em seus vários aspectos. Todavia nosso foco não é desenvolver ou fechar mais prerrogativas a mais classes e encerrar a compreensão com a velha receita de se legislar mais e mais. Ao passo que já garantimos uma gama montanhosa de liberdades, mas que estão como charges imaginárias e utópicas, “papiradas” apenas para admiração e alívio de alguns que se contentam somente pelas letras ali grafadas e sancionadas. E, por conseguinte como se fossem imperar a partir do momento de sua vigência legal. Na concepção de que o mundo cinza até então se tornaria avivado, prático e real. De certo que Simone de Beauvoir, escritora francesa, nos expressa que “o homem é livre, mas ele encontra a lei na sua própria liberdade”.
Então já que batalhamos, já que declinamos a nossa prática legal e fundamental em letras garrafais nas “tábuas de madeira da nação” precisamos imediatamente saber quem nos pagará pelo direito declarado! É imperativo definitivamente “ordenhar a vaca para podermos beber o leite que nos foi subjugado”. Garantias e Direitos Universais devem saltar do papiro e se tornarem de fato realidade para a maior parte da nação brasileira. Uma nação que se vê em muitos casos com olhos vendados e com o bico aberto em seu ninho, a esperar e a suplicar as migalhas que desesperançada parecem cair do céu para manter-se de pé e caminhando no círculo do seu ninho.