O PARAÍSO É LÁ, Ó!

Olimpo, Campos Elísios, Nirvana, Éden, Céu etc, o Paraíso é além, aquém, aqui ou nenhures?

Nem sobriedade, nem sensatez, nem seriedade com que trata os assuntos cotidianos remetem a uma certeza, a um alívio para a alma.

Zé se enclausura em seu mundo particular. Desconcentrado com os boatos da tv, bêbado com a leitura dos jornais, com a empregada que, com cara enfarruscada e sem reclamar, limpa suas sujeiras e leva seu salário mínimo. Aos gritos e extrovertido o gari apanha seu lixo, mas ele ainda reclama do odor que o carro do lixeiro deixa.

Atrativa é apenas a esposa do outro. A que dorme todos os dias a seu lado já não lhe desperta mais interesses?

Zé educa seus filhos apenas para serem melhor que os do vizinho. Para dominarem o mundo, não para melhorarem a relação com as outras criaturas.

Para alcançar a sublimidade Zé se interna em sua sala, entra para a sepultura e se liberta das desgraças que o antagonismo de qualquer paraíso possa proporcionar.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 01/02/2020
Código do texto: T6855631
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