O PARAÍSO É LÁ, Ó!
Olimpo, Campos Elísios, Nirvana, Éden, Céu etc, o Paraíso é além, aquém, aqui ou nenhures?
Nem sobriedade, nem sensatez, nem seriedade com que trata os assuntos cotidianos remetem a uma certeza, a um alívio para a alma.
Zé se enclausura em seu mundo particular. Desconcentrado com os boatos da tv, bêbado com a leitura dos jornais, com a empregada que, com cara enfarruscada e sem reclamar, limpa suas sujeiras e leva seu salário mínimo. Aos gritos e extrovertido o gari apanha seu lixo, mas ele ainda reclama do odor que o carro do lixeiro deixa.
Atrativa é apenas a esposa do outro. A que dorme todos os dias a seu lado já não lhe desperta mais interesses?
Zé educa seus filhos apenas para serem melhor que os do vizinho. Para dominarem o mundo, não para melhorarem a relação com as outras criaturas.
Para alcançar a sublimidade Zé se interna em sua sala, entra para a sepultura e se liberta das desgraças que o antagonismo de qualquer paraíso possa proporcionar.