Três horas da manhã !
Há tempos tenho notado,
De que nem tudo está bem. Acordo muito assustado, de suor todo banhado, Com a diabete a meu lado, a me incomodar também
. Abro a geladeira com essa esperança tão tola, De encontrar um pedaço bolo,um doce, ou um pudim... Até uma torta de cenoura,
Qual nada ! No fundo da geladeira, Triste, só e abandonada jaz uma folha amassada não sei de alface, couve ou aipim.
Nunca fui dado a hábitos ou encontros noturnos
Nunca fiz isso minha vida inteira, Pois de madrugada atacar a geladeira
Já o fiz com muito remorso Foi um fato que já pensei muito no assunto.no assunto Na hora da fome o que é menos ruim ?
Frango com goiabada ou banana com presunto?
Comer alface desse jeito, repito ‘As altas da madrugada Só me traz uma dor ao peito Com esta dúvida triste de fato
Viver  na vida açucarada ou comprar mais dois litros de ciclamato ?
Evitar doces a todo custo Sabendo do mal que isso acarreta Não me torna um diabético mais justo Nem um juiz mais atleta
Vivendo esta doença que à minha vida inferniza Luto  dia a dia,lado a lado contra a marionete da vida
Vivo de alface, pepino, chuchu e coentro. Que me fazem sentir na verdade uma verdadeira barata, .por fora e por dentro Decidi ! deixo e renuncio às verduras Abandono de vez tal empreitada
E no escuro da cozinha, onde agora me vejo, Sinto verdadeiro amor e desejo pelo nhoque, brigadeiro e a velha macarronada.
Retorno feliz a Sheakspeare de “Julieta e Romeu” De um amor aprendiz sem remorso e sem culpa, que não sobreviveu. Mas sobreviverá agora ,neste enorme pedaço de coxa de galinha e de queijo com goiabada.
Acabada a triste batalha ,com a geladeira tendo sido , pivô de tal aventura, volta ela para o canto acuada Imaginando Helena e Ulisses. 
Seu maior receio sempre foi ficar vazia. !
Porém conhecendo  seu dono E sobretudo sabendo A loucura deste monólogo Apaga a luz da cozinha e murmura: “ Ele voltará um dia , logo,logo...


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