Círculos e semicírculos* (26/01/2020)
Espiando os meus próprios passos no chão de seixos espectro sem rumo na direção da partida os medos acumulados me fazem adoecer há perdas no transcurso voltas e reviravoltas um desgosto profundo o eixo gravitacional círculos e semicírculos a deslembrança a resignação a esperança esta ultima se esvaindo o desejo de que tudo seja diferente o egocentrismo a vaidade a razão um lapso temporal a vida que pulsa na primavera o pulso que pulsa em todas as veias um abraço de um pequeno milagre a frouxidão das lágrimas mais dor as perguntas ferem por que simplesmente não resistir um tardio instante de tolerância isolamento que frustra todavia que revigora não reprime liberta a retaliação de si não provoca a comoção alheia o mundo à flor da pele não se pode fugir do inimigo a lição é encurralá-lo com a verdade que é “escudo e fortaleza” poder voar ao invés de ter que rastejar alcançar a plenitude dos comuns que não sabe o que é surtar maravilhar-me ao menor esforço mesmo escafandro mesmo borboleta e nunca olhar para trás o horizonte é a igualdade no limite territorial do nunca e a fronteira do céu e da terra fica bem atrás de minha casa no limiar da perfeição não há mais escoras não mais partes iguais não mais aflições tudo passa à margem e cada vez mais longe de mim numa demonstração de maturação insisto em querer mudar mas persiste o medo de não saber o que vou me tornar o revés ainda assombra e a noite chega para completar o mundo cego o escuro tapa a lua num eclipse sazonal de mim o sentimento é lúgubre o entendimento é racional a perversidade é carnal o refluxo é um mal passageiro à deriva da condição existencial controle (des) necessário para não beirar à demência no salto da morte uma platéia interessada ao derredor da vida há inspiração a vida dentro da vida e não se nota a presença de Deus somos vis medonhos mesquinhos e alguns se acham intermináveis o que criamos meio que vivo colecionando coisas como se o hábito ajudasse a contar as histórias e servisse para salvar a nós não a humanidade na tentativa de ser diferente não suportamos quaisquer senão sequer perdoamos ritualistas é o que somos mendigamos o menor dos quereres na intenção de retornar ao útero e isso é estranho pois é recorrente tratamos todos com desconfiança e o que poderia ser amor é apenas retraço de um desenho sem graça terminamos mais ou menos como começamos círculos e semicírculos vícios de ontem a deslembrança a resignação e a esperança se esvaindo...
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espiando os meus próprios passos no chão de seixos
espectro sem rumo na direção da partida
os medos acumulados me fazem adoecer
há perdas no transcurso
voltas e reviravoltas
um desgosto profundo o eixo gravitacional
círculos e semicírculos a deslembrança a resignação a esperança
esta última se esvaindo
o desejo de que tudo seja diferente
o egocentrismo a vaidade a razão
um lapso temporal a vida que pulsa na primavera
o pulso que pulsa em todas as veias
um abraço de um pequeno milagre
a frouxidão das lágrimas mais dor
as perguntas ferem por que simplesmente não resistir
um tardio instante de tolerância
isolamento que frustra todavia que revigora
não reprime liberta
a retaliação de si não provoca a comoção alheia
o mundo à flor da pele
não se pode fugir do inimigo
a lição é encurralá-lo com a verdade
que é escudo e fortaleza
poder voar ao invés de ter que rastejar
alcançar a plenitude dos comuns que não sabem o que é surtar
maravilhar-me ao menor esforço
mesmo escafandro mesmo borboleta e nunca olhar para trás
o horizonte é a igualdade no limite territorial do nunca
e a fronteira do céu e da terra fica bem atrás de minha casa
no limiar da perfeição não há mais escoras
não mais partes iguais não mais aflições
tudo passa à margem e cada vez mais longe de mim
numa demonstração de maturação
insisto em querer mudar
mas persiste o medo de não saber o que vou me tornar
o revés ainda assombra
e a noite chega para completar o mundo cego
o escuro tapa a lua num eclipse sazonal de mim
o sentimento é lúgubre o entendimento é racional
a perversidade é carnal
o refluxo é um mal passageiro
à deriva da condição existencial
controle desnecessário para não beirar à demência
no salto da morte uma plateia interessada
ao derredor da vida há inspiração
a vida dentro da vida e não se nota a presença de Deus
somos vis medonhos mesquinhos
e alguns se acham intermináveis
o que criamos meio que vivo
colecionando coisas como se o hábito ajudasse a contar as histórias
e servisse para salvar a nós não a humanidade
na tentativa de ser diferente não suportamos quaisquer senão
sequer perdoamos
ritualistas é o que somos
mendigamos o menor dos quereres na intenção de retornar ao útero
e isso é estranho pois é recorrente
tratamos todos com desconfiança
e o que poderia ser amor é apenas retraço de um desenho sem graça
terminamos mais ou menos como começamos
círculos e semicírculos
vícios de ontem a deslembrança a resignação
e a esperança se esvaindo...