A capa da coragem
Por falar em mim, não sou nada prática, tenho tendências complexas e pensamentos fluidos. Não que eu tenha uma natureza formada com a rocha de Gibraltar, ao contrário, ela está mais para chocolate derretido. Aprendi com a vida a arte de contornar as intempéries usando a capa da coragem, e em dias nublados uso o guarda-chuva da ousadia. E, por falar em mim, mais um pouco, confesso que em fotografia o meu sorriso não se parece com o de Monalisa, nem é largo como maquiagem na boca do palhaço. Mas os traços genéticos dos índios Tupinambás, que sofreram com os colonialistas e integracionistas, e resistiram as opressões e repressões. Carrego um olhar tímido, desconfiado; um sorriso amarelo e uma mente pulsante, inquieta. Também, herdei a hospitalidade baiana, no que tange ao acolhimento, interatividade social e empatia. Apesar do nordestino sofrer surto racista e xenofóbico; ganhar títulos excludentes e apartheid regional, tenho orgulho de minha gente. Por quê? Pelo instinto de autopreservação. Não curvo a minha cabeça para os arrogantes, nem rendo homenagem ao santo do pau oco. Entretanto, carrego a bandeira do amor! Sou aprendiz das letras e amante das artes. Por falar em mim, não espero palmas, pois a minha alma está sossegada à sombra de Juazeiro.