O QUE FAÇO AGORA?
Tem umas três semanas que acordei e me perguntei: "O que preciso fazer essa manhã?" Pensei. Na verdade, ponderei e descobri que não havia nada em especial a fazer, a não ser regar as plantas porque a manhã já estava quente, 28° e não eram 7h ainda. Fiquei sem regar as plantas um dia da semana passada, apenas um dia, e uma grande parte delas morreu. Não senti bem naquele dia e pensei que um dia sem regar as plantas não faria mal algum, mas aprendi que faz toda diferença. Sem querer, virei assassina.
Não há filho para cuidar. Nem netos. Pets também não, por enquanto. Estou para adotar um cão, mas tenho uma dúvida cruel: adoto macho ou fêmea?
Fazer almoço? Posso almoçar fora, pedir delivery ou simplesmente pular essa refeição porque está calor demais. Como é bom comer algo preparado por outra pessoa, mas conhecendo a sua procedência, é claro. Quem sabe, tomar sorvete, ou melhor ainda, iogurte grego com amarena.
Posso dar início ao planejamento das aulas, mas os livros novos não haviam chegado. Seria perda de tempo.
Levanto agora? Fico mais tempo na cama? Que tédio, meu Senhor!
Não é preguiça. Estou mesmo sem ânimo. Durante uns 15 minutos, questiono a razão da minha existência. Será que deveria assistir aos meus seriados prediletos hoje? To be, or not to be? Dúvida cruel.
O celular toca. É a minha filha perguntando se posso cuidar da minha neta, a minha neta de dez anos que tanto adoro, mas que está naquela fase da 'aborrescência'.
Gente, essa 'aborrescência' toda é dose! Agora, imagine junto com hi-tech, bloggers, influencers, WhatsApp, Instagram, etc etc etc? Ninguém merece, muito menos eu.
Respondo que o meu dia está todo tomado com tarefas, remanejamento de aulas, telefonemas etc e tal.
Ouço minha filha suspirar, "Ai! Que pena, Mãe."
Respondo, "Uma pena mesmo." Dou um tchau meio apagado e me levanto da cama toda animada para encarar a maratona de seriados e filmes, mas só depois de regar as minha plantas.