JEQUITIBÁS E BONSAIS

Muito cedo aprendemos, nas aulas de Ciências, como ocorre o ciclo de vida dos vegetais. Disseram-nos que esse processo, normalmente, começa com uma semente plantada ou jogada ao solo. Quando a terra possui adubação, água e sol adequados, as plantas crescem e ficam viçosas. Dependendo dos tipos de sementes, esse processo pode originar árvores, que, como sabemos, são fundamentais para o equilíbrio climático do planeta.

Associando esse conhecimento ao processo educacional, podemos pensar que nós, os educadores, durante todos os dias letivos temos de espalhar e cuidar de nossas sementes, acompanhá-las para que não percamos nenhuma, para que elas recebam todos os “nutrientes” que lhes permitam crescer saudáveis e cumprir adequadamente os seus propósitos: “virar alimento e/ou sombra para outros seres vivos”. O fato é que todas as “sementes”, mesmo que provenientes de diferentes “tipos” precisam de ser bem cuidadas, sob pena de se tornarem ervas daninhas. Na vida real, quando isso acontece, essas “plantas” ficam infelizes e têm grande chance de se tornarem nocivas à sociedade, pois perdem duas coisas que ninguém deveria perder: a autoestima e as chances de progredirem.

Nesse ponto, surgem duas perguntas muito importantes: a) Como que nós, educadores, podemos cuidar para que nossa “semeadura” origine “boas plantas”, quando nós, na verdade, também, muitas vezes, somos “plantas” diferentes?; e b) Como encontrar prazer em desempenhar o nosso papel em meio a uma sociedade que, nem sempre, nos valoriza social e/ou financeiramente?

As respostas não são exatamente fáceis de se encontrar, mas creio que a primeira aflorará mais facilmente dentro de nós, dependendo de que tipo de “árvores” nós escolhamos ser: “jequitibás” ou “bonsais”.

Em língua tupi, “jequitibá” significa "gigante da floresta", pois, quando adulta, uma árvore desta espécie pode ser vista bem acima das demais. Em Linhares duas se destacam: aquela que vemos plantada do lado direito da Faculdade Pitágoras e a outra que se encontra à margem da BR 101, no sentido Sooretama. Essas lindezas, além de sombra, nos meses de setembro, espalham muitas sementes por todos os seus arredores. Já os bonsais são mini árvores, muito bonitinhas, mas inúteis do ponto de vida da reprodução, pois não se multiplicam, já que não existem sozinhas, dependendo de que homens especialistas cortem as suas raízes e galhos.

Metaforicamente, creio que a educação só consegue cumprir o seu papel de transformar o homem em ser verdadeiramente HUMANO, quando todos nós estivermos dispostos a sermos jequitibás. Mas para nos assemelharmos à pujança dessas árvores, precisamos de ter CORAGEM e ORGULHO.

CORAGEM para continuarmos, tenaz e lucidamente, cuidando do equilíbrio da “floresta”, e ORGULHO de duas coisas: a) de termos escolhido ser “jequitibás” e “semeadores” dessas árvores”; e b) orgulho de termos a convicção de que NUNCA nada vai nos levar a ser bonsais.

Quando à resposta à pergunta: “Como encontrar prazer em desempenhar o nosso papel em meio a uma sociedade que, nem sempre nos valoriza, social e/ou financeiramente?”, também ela é dependente da nossa escolha quanto ao tipo de “árvores” que escolhermos ser, pois, naturalmente, as “gigantes” conseguem ser VISTAS, ADMIRADAS, RECONHECIDAS e PRESTIGIADAS (inclusive financeiramente)!!

Creio que nas escolas todos podemos ser como os JEQUITIBÁS, e eu os convido, meus colegas educadores, a crerem nisso, também, para que juntos possamos continuar espalhando as boas sementes e, dessa forma, fazer valer a pena nossa estada nessa “floresta”.

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 27/01/2020
Reeditado em 27/01/2020
Código do texto: T6851457
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