Amor em palavras
Deve-se escrever algumas palavrinhas amorosas, escutando esse disco “Coltrane for Lovers”. Um recorte do amor. Olhos nos olhos. Mordiscar o lábio inferior, ofegar, gemer, querer que o tempo não passe ou que ele voe, querer morrer e querer viver. Língua e céu da boca, lamber e sorver a saliva. Beijar os dentes, apagar e acender as luzes, abrir e fechar a janela, sentir calor, tomar água gelada, sentir o vento frio e cobrir-se com o edredom úmido de secreções perfumadas, transparentes. Respiração com a narina dilatada, mãos e pés trêmulos. Meu Deus! Gozar é divino! Recomeçar a refrega, horas à fio no embate de um contínuo e cálido beijo. A saliva do amor. Talvez um dia destes, peça para que cuspa em minha boca, com toda sua despudorada lascívia, ao nos aproximarmos do zênite sexual, quando o cérebro estiver a executar somente sinapses apaixonadas, então, devo querer apenas que me deixe molhado, que escorra o líquido de sua boca. Onde esteve minha boca nas últimas horas? Nos seus dentes, na sua boceta...
Troca de olhares; poderia escrever uma centena de páginas para descrever um átimo de segundo, tão breve e poderoso que deixa meu sofrido coraçãozinho com marcas de queloides, o corpo desejando apenas amainar o calor debaixo do chuveiro ou aquecer-se envolto no edredom conspurcado de sêmen, saliva e suor.