O par de chinelos
O casal foi em uma viagem para Fortaleza. Queriam conhecer alguma cidade do Nordeste pois nunca conheceram nada desta parte do pais.
O marido, ainda convalescendo de uma cirurgia, realizada alguns meses antes, preocupava-se em não andar descalço para impedir qualquer contaminação vinda pelos pés. O tênis fechado era seu companheiro constante.
Entre as várias atividades diferentes que realizaram, conhecer as falésias estava no itinerário. O sol quente nordestino não os deixava muito confortáveis, mas ainda assim forma lá conhecer este ponto turístico da cidade.
O guia local informou como deviam se portar e o que veriam pelo caminho até a chegada à praia. A esposa, que estava começando com uma dor de garganta e um dente incomodando, fez de tudo para não demonstrar seu pouco interesse no passeio, tentadto aproveitar ao máximo a belíssima vista e o relevo diferente do que estava acostumada na cidade onde moravam. Afinal, lia tanto que devemos conhecer novas coisas que é bom para mente. Focou nisso e ficou mais à vontade.
Todos estavam de chinelos pois andariam por terra e areia e calçados fechados seriam mais inapropriado. O marido porém estava de tênis. Desceram pelas falésias e se encantaram com terras e areias de várias cores esculpidas naquela natureza. Em certo trecho do caminho porém tiveram que atravessar um pequeno riacho a pé e não teve jeito o calçado do marido encharcou se água.
Mesmo sem reclamar a esposa viu que andar o tênis naquelas condições não estava confortável para o marido. E ficar com o calçado molhado poderia também provocar uma gripe ou resfriado o que não seria nada bom para ele. Então, olhou ao redor quando desceram à praia procurando uma barraca ou algum comércio que vendesse sandálias ou chinelo. Nada, todos os quiosques eram apenas de comida.
A praia não comportava vendedores ambulantes deste tipo de comércio, apenas coisas como água de coco e doces, pois o movimento era fraco, constituído apenas de grupos de turistas que viam já com tudo organizado pelas empresas de turismo.
Então, não tinha jeito. Ela recomendou que o marido tirasse o tênis e ficasse descalço, mas ele se recusou a pisar naquela areia, ainda mais porque as reportagens indicavam manchas de óleo vindas do mar e que as autoridades locais ainda não conseguiram constatar do que se tratava aquela poluição.
Então, após o almoço em um restaurante recomendado pelo guia, o casal foi dar uma volta pela orla. O local estava vazio, pois os poucos turistas estavam apenas perto do restaurante.
Andaram alguns quilômetros e foi quando a esposa um pé de chinelo novinho boiando em uma onda próximo à praia e comentou: "Olha, poderia ter o outro pé para você calçar." Foi então que o ouviu dizer: Olha o outro pé ali!". A esposa, olhou ao redor e verificou que não havia ninguém por ali que pudesse tê-lo perdido naquele momento. Correu, pegou os dois pés e agradeceu ao mar por ter atendido seu pedido. O chinelo Havaianas, com motivo de mar, era perfeito para a ocasião!
O marido tirou o tênis encharcado e calçou o chinelo sentindo verdadeiro conforto de se livrar daquele peso. Apenas disse à esposa: "Da próxima vez peça um do meu tamanho, pois este está um pouco maior que meu número!" E os dois riram!