Fala materna

A mãe chega em casa do trabalho tarde da noite e encontra a filha de 15 anos mau humorada porque ficou em casa o dia todo e queria agora ir para rua andar de skate. A mãe, temerosa do horário e do risco que é andar de skate à noite pede que não vá pois é perigoso. A menina tanto insiste e a mãe compreendendo que a adolescente está cheia de energia e precisa gastar porque caso contrário o clima dentro de casa ficará insuportável consente mas com a condição que o pai de vá junto de carro para para acompanhar e proteger.

Após a mãe se certificar que a filha está com todos os apetrechos de segurança para não se ferir caso caia, deixa-a partir para a prática esporte.

A família mora em um vila próxima ao mar. O terreno do bairro é íngreme, cheio de curvas. Os skatistas adoram tal relevo porque conseguem realizar várias manobras radicais. Mas os pais ficam ainda mais preocupados. Larrisa, foi então feliz da vida, descer de skate no morro perto de casa.

O que ela não contava porém é que uma cadela no cio estava por ali e ao ouvir o barulho estridente das rodas do skate no asfalto correu estressada atrás da garota e por mais que Larissa imprimisse velocidade ao instrumento, mais a cachorra se aproximava.

Pronto, o bote foi certeiro. O animal pulou e cravou os dentes nas nádegas de Larissa. O pai, a este momento já tinha estacionado o carro, correu até a filha e chutou a cadela para que se soltasse da filha. Vizinhos, ouvindo o barulho, também vieram ver o que estava acontecendo e a cadela fugiu.

Desesperada a garota corre para casa, pois estava com dificuldades de sentar no carro do pai. Ao chegar, chorando, diz para mãe: "Ah mãe, uma cachorra me mordeu."

A mãe, assustada, desce o moletom que Larissa usava para ver como estava o ferimento e foi então que o sangue começou a jorrar.

"Nossa, temos que bater uma foto e enviar para seu tio médico para saber se preciso te levar ao hospital para levar ponto. E a cachorra, alguém conhece? Sabem se ela está com a carteira de vacina em dia?"

A mãe pega o celular e tenta fotografar o mais perto possível da mordida para não expor a filha e envia ao parente.

Larissa fala para mãe que a cadela é de um vizinho próximo, conhecido, visto que o bairro é pequeno e a maioria dos moradores residem ali há muito.

Imediatamente a mãe liga para o proprietário do animal e quer saber se ela tem a carteira de vacinação em dia. O dono diz que sim mas não sabe onde está a carteira para provar.

O médico, ao ver a foto, acalma a mãe dizendo que a ferida não foi profunda e que deve lavar o local e passar um anticéptico para evitar infecções. Não precisará de pontos pois ficou apenas marcas das pontas do dente, sem maiores profundidades.

Por fim a Larissa fala: "eu devia ter te ouvido, não precisava ter ido andar de skate a esta hora. Da próxima vez seguirei seus conselhos."

A mãe, com tanto que lê sobre a força do pensamento, questionou a si mesma: "Será que eu não contribui com isso quando emiti uma energia de preocupação ao ver minha filha saindo? Será que se eu tivesse pensado que ela só iria se divertir e voltaria feliz e cansada para casa, nada disse teria acontecido?" Não comentou sobre suas interlocuções com a filha mas apesar de sua fala de recriminação também se sentia culpada pelo incidente ocorrido. Fala de mãe tem poder, para o bem ou para o mal.