Zé Ninguém

 
A rua nervosa, apressava, agitava e irritava os transeuntes... Os semáforos atropelavam o tempo, fechando e abrindo neuroticamente... As sirenes dos carros policiais e das ambulâncias inquietavam o pedestre no excesso de decibéis...Os motoristas buzinavam à toa... As esquinas se encolhiam nas quinas das ruas, nervosas, concentrando pessoas, dobrando a rua para o cadeirante seguir adiante manivelando sua cadeira...Vendedores de balas e docinhos de coco confundindo-se com esmoleres... Assaltantes de olho nos celulares, nas bolsas, nos distraídos... Idosos em suas bengalas arrastando o fardo da idade...O casal de namorados abraçados, em outro mundo, atravessava a rua fora do sinal,se beijando, nem ouvindo o grito de ’pega ladrão’ que o segurança do banco apontou com a mão, correndo na rua recém asfaltada e com um revólver na mão...
Mas os estampidos da arma de fogo assustou alguns e acertou alguém...Uma correria... Um corpo no asfalto... Era um assalto! O vilão motoqueiro tomava a garupa da moto do companheiro e tentava sair ligeiro da cena de ação. A moto dos bandidos escafedeu-se pingando sangue... E também parou e foi ao chão com o segundo ladrão parceiro sangrando... Foi seu último ato, e merecido, tava na hora... Menos um no asfalto... Pena que não foi do planalto.
Escolheu mal, roubaria mais e melhor se deputado fosse...
Os tiros certeiros do policial militar ‘de licença’deixam o ladrão no chão com 10 mil reais... que roubara 2 minutos atrás... E o piloto da moto sangrando mais...Trapalhão, vilão, incompetente... É o quanto valia a vida desse ladrão, muito menos que os milhões dos colarinhos branco, lá do planalto... Lá eles são profissionais: roubam do povo legalmente na cara da gente... Roubam do INSS, roubam do BNDES, roubam da Petrobrás, na cara de pau. Aqui, o Zé Ninguém, ficou estatelado jogado no asfalto... Roubam sem imunidade : ladrão de galinha...