Senhora de Outrora
Senhora de Outrora
No burburinho de meus distantes pensamentos , o apito estridente da locomotiva me traz à realidade !
Estou na plataforma da estação ,a remoer lembranças diante da velha senhora que insiste em me recontar suas histórias.
A estação que nos áureos tempos dos trens de passageiros ,hoje silente e solitária por decreto da modernidade,repousa de portas cerradas,enclausurada em seu escuro interior,aprisiona saudades !
Ainda posso ver seu interior ,a sala de espera,a bilheteria ,os passageiros e suas bagagens,alguns com pouca,outros com muitas ,crianças de olhos curiosos e impacientes pela viagem.
Meu destino não era viajar! Meu trajeto era transpor a plataforma a cumprir a tarefa de fazer umas compras lá no Armazém dos Kosinski!
Doce missão,que me permitia admirar por um pouco o movimento daqueles privilegiados viajantes ,a me permitir sonhar ,talvez um dia , também uma passageira!
Para onde iriam aqueles senhores, senhoras ,senhoritas,rapazes ,e criancas, que boas notícias ,que saudades carregavam em seus corações,que tristezas decerto alguns levariam pelos trilhos à seus destinos?
Vejo nas janelas minúsculas alguns rostos lembrando fotos três por quatro embarcados,o trem prestes a partir levando meus devaneios pelos trilhos!
Sigo minha jornada, ainda é longo o caminho e restará para amanhã mais uma porção do que faltou pra sonhar hoje enquanto o trem segue ,certo de seu destino, na linha do tempo.
Fim de tarde ,sombras da noite caindo sobre a dileta senhora ,que descansa dos rumores de seu passado, que ainda pulsa fortemente, e vive e viverá sem prazo de validade na memória e na saudade de muitos conterrâneos!
Leda Mara Oliveira