Da cabeça de Drummond...
Tentamos consolar os velhos chamando-os de velhinhos.
Carlos Drummond de Andrade
1. Nos fins de semana, demoro mais nas livrarias. Sempre buscando alguma coisa interessante para ler no domingo, que se torna enfadonho quando não se tem o que fazer. É bom ocupar o tempo lendo o que os outros estão escrevendo ou escreveram.
2. Os escritores sempre nos dizem alguma coisa: boas ou más; novidades ou não. O nosso Josué Montello (1917-2006) deixou dito, no seu "Diário da Noite Iluminada", o seguinte: "Não escrevo para recolher o louvor ou receber a censura. Escrevo porque tenho o que dizer".
3. Nas minhas estantes, tenho um montão de bons livros. Lei-os e relei-os quando me dá vontade e na hora que quero. Isso é muito bom. Há escritores que não os perco de vista. Cito: Machado de Assis, Carlos Heitor Cony, Rubem Alves, Olavo Bilac, Castro Alves e Montello.
Rachel de Queiroz, Manuel Bandeira, Antônio Maria e o inesquecível Rubem Braga (1913-1990), cujos textos, magníficos, deram-lhe o apelido de o Sabiá da crônica. Leio também Ruy Castro.
4. Quem visita minhas estantes e as vê atulhadas de livros, logo me pergunta por que visitar livrarias nos fins de semana e ainda comprar mais livros.
E em tom de gozação: não seria melhor sair por aí tomando umas e outras? Comendo, como tira-gosto, um bom acarajé. E posso dizer que aqui na Pituba e adjacências existem respeitáveis baianas fazendo esse bolinho sagrado, o xodó dos nossos Orixás.
5. Faço ver a todos que ainda se tem muita coisa boa e nova pra se ler. Além do mais, como disse o Mestre de Harward, Charles William Eliot (1834-1926), os "livros são os mais silenciosos e constantes amigos, os mais acessíveis e sábios conselheiros, e os mais pacientes professores".
6. Pois é. Hoje pela manhã, passando pelas Livrarias Saraiva e Cultura, apiedei-me de ambas: poucos livros novos encontrei em suas prateleiras, antes ricas em novos títulos. As gôndolas oferecendo os "últimos lançamentos", com pouco atrativo.
7. Mesmo assim, comprei dois interessantes livros: "Ofício de Esvrever", de Frei Betto, e "O avesso das coisas", de Carlos Drummond de Andrade. O livro de Drummond, que já estou lendo, traz frases sábias, ousadas, meigas, picantes, irônicas do saudoso poeta mineiro.
8. Por exmplo: "A masturbação é uma forma econômica de praticar o sexo" - "Ao contrário do amor, o amor-próprio não acaba nunca" - "Não é difícil ser amado por duas pessoas; difícil é amar as duas" - "O primeiro suplício do inferno consiste em imaginá-lo" - "Os homens distinguem-se pelo que fazem; as mulheres, pelo que levam os homens a fazer". E segue.
9. Leiam o livro, amigos. "O avesso das coisas", de Drummond, é para todas as idades. Introvertido, discreto, mas fino observador, de Copacabana Drummond curtiu, em prosa e verso, o seu tempo. Leiam e guardem na memória e no coração os aforismos drummonianos que vc mais gostou.
Aposto como gostarão de todos. Saíram da cabeça do Carlos.
Tentamos consolar os velhos chamando-os de velhinhos.
Carlos Drummond de Andrade
1. Nos fins de semana, demoro mais nas livrarias. Sempre buscando alguma coisa interessante para ler no domingo, que se torna enfadonho quando não se tem o que fazer. É bom ocupar o tempo lendo o que os outros estão escrevendo ou escreveram.
2. Os escritores sempre nos dizem alguma coisa: boas ou más; novidades ou não. O nosso Josué Montello (1917-2006) deixou dito, no seu "Diário da Noite Iluminada", o seguinte: "Não escrevo para recolher o louvor ou receber a censura. Escrevo porque tenho o que dizer".
3. Nas minhas estantes, tenho um montão de bons livros. Lei-os e relei-os quando me dá vontade e na hora que quero. Isso é muito bom. Há escritores que não os perco de vista. Cito: Machado de Assis, Carlos Heitor Cony, Rubem Alves, Olavo Bilac, Castro Alves e Montello.
Rachel de Queiroz, Manuel Bandeira, Antônio Maria e o inesquecível Rubem Braga (1913-1990), cujos textos, magníficos, deram-lhe o apelido de o Sabiá da crônica. Leio também Ruy Castro.
4. Quem visita minhas estantes e as vê atulhadas de livros, logo me pergunta por que visitar livrarias nos fins de semana e ainda comprar mais livros.
E em tom de gozação: não seria melhor sair por aí tomando umas e outras? Comendo, como tira-gosto, um bom acarajé. E posso dizer que aqui na Pituba e adjacências existem respeitáveis baianas fazendo esse bolinho sagrado, o xodó dos nossos Orixás.
5. Faço ver a todos que ainda se tem muita coisa boa e nova pra se ler. Além do mais, como disse o Mestre de Harward, Charles William Eliot (1834-1926), os "livros são os mais silenciosos e constantes amigos, os mais acessíveis e sábios conselheiros, e os mais pacientes professores".
6. Pois é. Hoje pela manhã, passando pelas Livrarias Saraiva e Cultura, apiedei-me de ambas: poucos livros novos encontrei em suas prateleiras, antes ricas em novos títulos. As gôndolas oferecendo os "últimos lançamentos", com pouco atrativo.
7. Mesmo assim, comprei dois interessantes livros: "Ofício de Esvrever", de Frei Betto, e "O avesso das coisas", de Carlos Drummond de Andrade. O livro de Drummond, que já estou lendo, traz frases sábias, ousadas, meigas, picantes, irônicas do saudoso poeta mineiro.
8. Por exmplo: "A masturbação é uma forma econômica de praticar o sexo" - "Ao contrário do amor, o amor-próprio não acaba nunca" - "Não é difícil ser amado por duas pessoas; difícil é amar as duas" - "O primeiro suplício do inferno consiste em imaginá-lo" - "Os homens distinguem-se pelo que fazem; as mulheres, pelo que levam os homens a fazer". E segue.
9. Leiam o livro, amigos. "O avesso das coisas", de Drummond, é para todas as idades. Introvertido, discreto, mas fino observador, de Copacabana Drummond curtiu, em prosa e verso, o seu tempo. Leiam e guardem na memória e no coração os aforismos drummonianos que vc mais gostou.
Aposto como gostarão de todos. Saíram da cabeça do Carlos.