Passagem
A geografia me encanta. A passagem dos verdes campos, das zonas industriais, do chão vermelho e cinza. O sul e o oeste do Paraná é um outro tempo a figurar no tempo. É a agitação das autoestradas mesclada a melancolia dos campos e à vivacidade das matas. As cidades parecem pontos de chegada. Se encontra aí as representações do mundo moderno, as casas da população proletária, os comércios com máscaras de um mundo à parte, os prédios indiferentes. Cada cidade é chão pisoteado, remexido e revestido com a marca de seu povo. Tantos os pioneiros quanto a população que chegou depois faz do chão dessas paragens seu lar, e, erguem barracas, casinhas de madeira, casas de tijolo, improvisos e mansões. Mas ninguém escapa do clima, das friagens, da marca da poeira no sapato. AH POEIRA! Sim a poeira desse chão vermelho! Não adianta escapar, está em nossas mãos, em nossos pés: na nossa pele, no nosso sangue! Ninguém se livra dessa poeira! Nem pobre nem rico!
Eu ando por essas paragens, encantado com a geografia, com as paisagens que contam história e segredam as lutas de cada povo. Também eu tenho terra vermelha no sangue, e meus olhos já mais de uma vez lacrimejaram frente ao calor do Sol nesse sertão. Eu gosto mesmo é de estar de passagem!
Janeiro de 2020
General Carneiro, Paraná