Perdão
Certa vez assisti ao depoimento de uma mãe que após passar por uma conciliação (constelação) com o assassino da filha, ela o perdoou, mas não conseguia se perdoar por ter deixado a filha sozinha. Por isso sofria.
Difícil entender, mas perdoar-se de um pequeno deslize é mais difícil que perdoar o outro de um grave erro. Talvez, porque o outro não nos olha todos os dias no espelho.
Assisti ao filme “Dois Papas” e o que mais me chamou atenção foi a abordagem do perdão. Todos devemos refletir sobre ele. Não somente ao próximo, mas a nós mesmos. Há algo no passado de cada um que, por vezes, atormenta mais que uma espada fincada no peito.
No filme, quando o Papa Bento XVI deseja que Jorge Bengolio assuma o papado, este não se sente merecedor. Jorge é incapaz de se perdoar por um erro do passado. Ele diz ao papa: “Deus nos perdoa, se esquece dos nossos erros, mas nós não nos esquecemos”. Então, o Papa lhe diz: “apesar de vivermos em Deus, nós não somos Deus. Somos humanos”.
É algo que parece insignificante, mas, o sentimento de culpa, por algo ou situação em que se poderia ter agido diferente, corrói como soda cáustica. E, se esse erro afronta principio basilares da pessoa, a dor é maior ainda.
Esse sentimento doloroso por algo ruim que fizemos no passado nos persegue, tal qual o devedor sem dinheiro que muda de rua ao encontrar seu credor, pois há pessoas que nos recordam dos nossos erros e fraquezas.
Não é a pessoa em si, que talvez nos perdoou ou a perdoamos, ou ainda, determinada situação, mas é o sentimentos de nós mesmos sendo falhos. Há um silêncio ensurdecedor de culpa, que não conseguimos silenciar em nós.
Talvez o erro tenha sido enorme, mas se Deus nos perdoa, não temos o livre arbítrio de nos condenar. Só nos resta seguir em frente fazendo o bem, pois a dor de não se perdoar é maior que o próprio erro.
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