BLUMENAU

Encravada no vale do Rio Itajaí Açu é a cidade catarinense que deveria servir de modelo para todas as demais cidades brasileiras, pelo seu povo educado e hospitaleiro, por sua organização dentro dos melhores padrões de civilidade e onde não se vê moradores de rua nem animais vadios, porque lá, as instituições funcionam.

A fundação da cidade se deve aos perrengues que os europeus estavam passando durante o século XIX, época em que “aos nobres, quase tudo, aos plebeus, quase nada” e as notícias apresentavam o continente Americano como o Eldorado imaginado por todos aqueles que desejavam uma vida melhor para si ou para os seus, longe dos fantasmas da fome e das doenças em cidades saturadas onde a expectativa de vida nem chegada aos quarenta anos.

O Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau era farmacêutico e filósofo, conheceu Pedro Wagner, (Johann Peter Wagner,) antigo morador da região que hoje se chama Capim Volta, quando estava escolhendo o local para implantar a colônia São Paulo de Blumenau nas terras concedidas por Sua Majestade o Imperador D. Pedro II.

Conforme o padrão escravocrata da época, ele chegou a comprar cinco escravos.

Foi para a Alemanha e trouxe quinze famílias para ampliar a povoação aonde já viviam famílias alemãs egressas da povoação S. Pedro de Alcântara.

Nesse meio tempo Pedro Wagner abandonou o projeto e três dos escravos se foram.

Apesar da proibição da cultura do algodão e da fiação e tecelagem, por conta da exclusividade dos produtos ingleses, esses colonos se instalaram perto da calha do rio para ter acesso à água utilizada no processamento.

Os estrangeiros achavam estranho que os Botocudos, (índios de diversas etnias do ramo macro-jê) preferissem viver no alto dos morros que circundam o vale até o dia em que a cheia do Itajaí Açu destruiu tudo o que eles tinham, mas a tenacidade e o propósito de uma vida melhor, fizeram com que eles recomeçassem tantas vezes quantas foram as cheias catastróficas até que, com o progresso da ciência e a construção de barragens, o rio está domado dentro da sua calha.

Diante da não aceitação maciça dos conterrâneos, o Dr. Blumenau devolveu ao Imperador parte da concessão e negociou lotes das terras para implantação das fazendas.

No ano de 1880, os irmãos Bruno e Hermann Hering (interessante essa coincidência dos nomes) vieram para a cidade e deram início à fabriqueta que anos mais tarde se transformaria na gigantesca Cia. Hering nos últimos anos do século passado.

Há muito o que se ver em Blumenau, desde plantações de arroz a perder de vista a partir de Navegantes, museus temáticos, igrejas, construções, pontes, parques, etc. restaurantes de primeira categoria e a culinária (doce ou salgada) com forte influência germânica.

(Apenas para os detalhistas informo que as coordenadas geográficas de Blumenau são 26º 55’ 09” S e 49º 03’ 57” W (NE do Estado de Santa Catarina) a 20m do nível do mar.)

Além de Blumenau, cidade em que ficamos hospedados, também visitamos Pomerode, Timbó, Nova Trento e Brusque.

Há que se destacar:

1 – Igreja matriz de S. Paulo Apóstolo, bem ampla, mas sem os ornamentos das igrejas tradicionais. Campanário com relógio de três mostradores entre as avenidas 7 de Setembro e XV de Novembro (antiga Wurtststrasse – rua da salsicha) onde ocorre o desfile de abertura da Oktoberfest;

2 - Parque Vila Germânica. Amplo espaço com os pavilhões onde se realizam a oktoberfest, feiras e exposições, muitas lojas de lembrancinhas, bares, lanchonetes e restaurantes;

3 – Prefeitura. Instalada no prédio cujas quatro faces são exatamente iguais. Num dos lados está a primeira locomotiva do Estado que os habitantes colocaram o apelido de macuco (Tinamus solitarius) pela semelhança do seu som com o piado da ave;

4 – Ponte da Estrada de Ferro. Importada da Alemanha, sem os adereços característicos dos produtos ingleses, cuja aparência sugere que durará mais mil anos;

5 – Museu de Hábitos e Costumes. Expõe as vestes, adereços e objetos de uso pessoal, além de brinquedos e utensílios domésticos doados por famílias tradicionais;

6 – Museu de Arte Moderna. As peças em exposição, no meu entender, deixam dúvida do que venha a ser arte;

7 – Museu da Cerveja. Expõe o conjunto que, no passado, era utilizado para a produção da bebida mais consumida na região. Blumenau tem o título de Capital Brasileira da Cerveja;

8 – Museu da Família Colonial. Expõe objetos, mobiliário, maquinário, ferramentas, vestes e utensílios domésticos utilizados pelos colonos em seu dia a dia;

9 – Museu Hering. Expõe peças de vestuário e maquinário para confecção da malha;

10 – Cemitério dos Gatos. Conjunto de sepulturas com lápides dos gatos que pertenceram a Edith Gaertner (sobrinha bisneta do Dr. Blumenau), dispostas num fragmento do bosque, com capivaras, que circunda a casa em que ela passou seus últimos dias de vida e que hoje abriga o Museu da Família Colonial;

11 – Mausoléu do Dr. Blumenau. Aonde repousam seus restos mortais trazidos da Alemanha para a terra que ele amou e se dedicou a desenvolver;

12 – Museu do Cristal - Fábrica Di Murano, onde se demonstra a confecção de peças em cristal (tal como se faz na ilha de Murano – Veneza/ Itália), com a vantagem de a descrição ser em Português, bem mais cômodo do que no idioma italiano com o sotaque veneziano.

Em todos esses locais fomos recebidos com willkommen zun.

GLOSSÁRIO:

Willkommen zum = bem-vindo neste local